quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Pai,



Sabe no que eu pensei hoje antes de fechar os olhos para dormir? Cavalos. Eu sei que é algo até bobo de se lembrar, mas foi isso mesmo no que pensei. Como se deve colocar a sela, que deve apertar um pouco a cinta na barriga dele porque como ele vai correr e fazer a digestão a sela pode acabar ficando frouxa. Lembrei também de como se deve fazer para o cavalo marchar. Lembro bem da primeira vez que fiz isso. Mas na verdade, lembro mesmo da primeira  vez que cavalgamos juntos pela fazenda. Eu estava no meu amado Pretão, e você com o Desafio e nós íamos atravessar a rua da fazenda. Eu estava tão feliz. Eu amava fazer aquilo; fazer um programa com você. Naquele dia o céu estava lindo e o sol estava fazendo com que a nossa pele pipocasse.
Estávamos quase atravessando a rua quando um carro apareceu. Ele passou um pouco longe de mim mas suficientemente perto para me fazer ficar sem controle do meu animal. O meu cavalo então descontrolou-se e empinou. Eu não lembro bem como foi, somente lembro do grito que você deu ao me ver caindo de costas no chão. Foi um belo tombo, não foi?
Mas sabe o que eu realmente pensei quando fui dormir? Amor. Aquele olhar que você fez para mim. Aquele gesto de me segurar com cuidado para ver se eu conseguia respirar. Aquele medo que você teve de qualquer coisa ter acontecido comigo. Sim, foi isso o que eu pensei. Aquele rosto já cansado e preocupado. Foi naquele dia, naquele momento em que eu tive a certeza de que amor de pai era algo único e que eu nunca sentiria falta. Naquele dia eu tive a certeza do amor que eu tinha por você e do amor que  você tinha por mim. Foi a partir daquele momento que eu nunca mais duvidei do melhor amigo que eu tinha.
Sabe, pai. Aquele mesmo olhar eu tive hoje quando você entrou no meu quarto. Já se passaram dez anos, pai. Dez anos. Como nós mudamos. Você adquiriu mais rugas, eu cresci. Você se tornou mais experiente e eu continuo levando meus grandes tombos. Você se tornou mais velho, mas seu olhar continua novo. Eu te amo, pai. E eu nunca vou deixar de amar. Desculpa não ter te dito isso muitas vezes na minha vida, mas eu nunca deixei de amar, e nunca deixarei. Pois você é o melhor pai, melhor amigo que eu poderia ter encontrado. “papai, como é bom dizer “papai”’ lembra disso? Eu nunca vou esquecer. Principalmente do sorriso que você deu quando eu terminei de recitar esse poema para você, e correndo fui em sua direção para te abraçar e dizer “que de todos os pais do mundo, era você o que eu queria” e o que eu, graças a Deus, tenho.


Obrigada por existir.

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