segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

lembranças

Um olhar, dois olhares, uma troca de olhares. Sorrisos trocados, um "olá" e um "muito prazer". Tudo começa assim, ele te acha interessante e você finge não se importar, ou se faz de difícil. Ele te procura de qualquer forma, vocês começam a conversar todos os dias, seja por e-mail, mensagens, recados, mas nunca por telefonemas. Ele te chama pra ver um filme e você, fazendo-se de difícil, diz que vai pensar. Ele espera sua resposta com carinho, e você já sabia a resposta a dias. As semanas vão passando e os assuntos nunca acabam, vocês começam, então, a fazer planos para se encontrar, planos difíceis de se realizar. Ele está na faculdade e você ainda no Ensino Médio. Você planeja sozinha uma forma de saber se ele está mesmo gostando de você tanto quanto você dele. Você arruma um jeito de ir para um show do estilo de música que ele gosta, e por mais que não seja o seu gosto musical preferido, você aceita o desafio. Ele quer saber o que você irá fazer no final de semana, ele faz de tudo para ir ao show e encontrar com você. Você diz que ele é louco, afinal, o lugar é grande demais para vocês se encontrarem, ele acha graça e não desiste. Você, no show, mal consegue respirar, a música sobe em suas veias, o celular permanece em sua mãos, você mal pisca procurando o seu grande homem por ali. Homens e homens te pegam para dançar, você dança por segundos e se despede, nenhum deles é o que você quer. As horas passam, nada dele aparecer, as esperanças acabam, já era tarde de mais. A música já não te fazia feliz, suas companhias não te faziam feliz. Você tentava se divertir e decorar alguma letra daquelas musicas que tocavam, mas você é um fracasso total. Seu celular vibra, suas mãos suadas não conseguem segurar o aparelho que escorregava por seus dedos, ele estava a sua procura, não era tarde demais. Você então volta a sua busca. Ele te procura no meio de mil pessoas e você finge não se importar tanto, mas o procura da mesma forma. Você de repente para, e permanece com o olhar em uma única pessoa em sua frente. Um homem de calça jeans e blusa listrada. Ele sorri para você, você retribui o sorriso. “Olá, você”, ele diz ainda sorrindo e você o abraça forte, “que bom te ver” você sussurra perto de seu rosto. Você esta vermelha e ele confiante demais. Vocês conversam por um bom tempo, sobre qualquer coisa que vier na cabeça. Um momento de silêncio, você começa a tremer, seus dentes vibram freneticamente por causa da emoção – “está com frio?” – ele pergunta docemente, e você mente dizendo que sim, sendo que na verdade só o queria um pouco mais perto. Ele te abraça forte, você mal consegue respirar. Ele não diz mais nada e muito menos você. Ele então começa a se mover e você suspira fundo. Ele olha nos seus olhos você volta a corar as maças do rosto. Ele tenta te dar um beijo, você evita, ele sorri. Você olha o sorriso nos olhos dele, ele não tira os olhos de você. Ele te beija e você retribui finalmente. A música não era a que você mais gostava, e nem mesmo fazia sentido naquele momento, mas foi mágico mesmo assim. Você se delicia dos lábios daquele grande homem em seus braços enquanto ele arranha seu rosto com a barba te trazendo uma sensação única, você ri por dentro por conta da cosquinha que ela proporciona. Ele te olha mais uma vez, você sorri mais largo, suspira e aproveita cada segundo do momento onde tudo começou.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sonho dos 18

Ok, são 9h da noite e você está com um sorriso gigantesco no rosto por saber que em três horas estará se divertindo com seus amigos em uma festa desejada a meses. Você corre pelos corredores da casa e se tranca no banheiro. Se jogando para dentro do box, você sente cada gota de água cair em seu corpo delicadamente enquanto você lava seu cabelo com carinho para que eles esteja com o brilho perfeito naquela noite. O banho pode ser demorado, você não se apressa, afinal, essa é uma grande noite. Depois que o box está completamente branco por causa do vapor d'água, desliga o chuveiro, enrola-se na toalha de algodão e ao abrir a porta do banheiro sente o ar fresco do entardecer. Entrando no seu quarto, você já esta pensando na roupa que vai vestir, mas quer provar umas cinco a mais para ter certeza de qual ficará melhor para a grande festa. Você abre a gaveta de roupas intimas e escolhe um conjunto de calsinha e sutiã confortável, aqueles que você se sente bem ao usar, e você poderá dançar a noite toda sem se preocupar com a marca da calsinha no seu bumbum, com o conjunto já no corpo você se olha no espelho e diz a si mesma "uau, você está arrasando" - mesmo sabendo que você está um pouco acima do seu peso ideal. Você começa a experimentar as roupas e percebe que a primeira que você havia pensado era a melhor opção, você, então, se veste e corre para o banheiro se maquiar, que, para mim, é a melhor parte. Ali então você abre o seu estojo de sombras, aquele que você mais adora, o mais caro, o seu xodó, o que você só usa para momentos como esses. Delicadamente você pinta seus olhos, fazendo com que a cor deles se destaque. Um batom, um brilho, uma cor a mais... Pronto, você está perfeita. Então, correndo para o quarto novamente, você coloca os sapatos altos, claro, você deve ficar poderosa essa noite. Coloca um par de brincos, um colar delicado, documentos em mãos, dinheiro, brilho, celular, tudo está como deveria estar. Você então vai encontrar com seus primos na porta da esperada festa. Estão todos lá te esperando, e ao sair do carro, você se sente como uma estrela, os olhares são todos voltados para você. Mulheres te olham dos sapatos até o seu último fio de cabelo para avaliar sua roupa, e é gratificante ver um sinal de aprovação nos olhos destas. Você não repara muito nos olhares dos homens, afinal, o olhar de quem você realmente se interessava não estava ali, porém, você gosta de saber que está sendo olhada por vários homens e que eles te acham sexy, pelo menos naquela noite, e melhor ainda é poder esnobar esses olhares. Você esta ali, na fila, junto com centenas de pessoas, todas com a mesma expectativa que você. Você sorri feito boba, seus músculos se contraem com tanta adrenalina subindo em suas veias, seus pés latejam na vontade de dançar. Seus lábios ficam secos na vontade de beber alguma coisa, você começa a sentir a dor gostosa do peito do pé por causa dos saltos altos que te fazem ficar ainda mais bonita. A fila começa a andar, seu coração fica mais rápido, a sua respiração mais lenta, seus olhos mais abertos. A porta de entrada está em sua frente, somente alguns passos para o grande sonho se realizar, dez passos, cinco passos, os olhos começam a brilhar, os pés começam a dançar involuntariamente e você começa a sorrir para o senhor a sua frente - "identidade, por favor" - a voz rouca e assustadora do armário em sua frente tirou o sorriso do seu rosto - "bosta, ainda tenho 17" - sim, isso foi apenas um sonho de 18, volte para casa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

delírio

Uma chuva de maria-mole poderia ser tão divertido quanto uma praia de fósforos. Mas não foi, o fato é que simplesmente não foi. Tudo começou quando minhas primas chegaram a minha casa, elas estavam alegres e tristes ao mesmo tempo, mas todas espivitadinhas, Elas me convenceram a ir a uma praia, à dois quilômetros da minha casa. Adivinha o que eu fiz? - eu fui é claro, visita é fogo. O sol estava lindo naquele dia, com um brilho estonteante! Mas ao chegarmos lá, o tempo fechou de uma maneira trágica, e quando dei por mim, estávamos rodeadas de maria-moles açucaradas e escorregadias. A terra tremia quando elas batiam no chão, algo tão traumatizante quanto uma nevasca de sorvetes assassinos. Minhas primas ficaram lá, rindo feito bobas. E eu... bem, eu nunca mais voltei lá, nunca mais vi minha linda praia de areia e fósforos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

17

São 23:23 da noite, e enquanto penso sobre o que escrever, deparo-me com uma vida que já passou, penso no que já vivi até hoje, dos meus primeiros anos de idade, dos anos da flor da juventude, e o meu dia de hoje, e cheguei a certas conclusões que já muitas vezes havia pensando antes, mas nunca tive tanta convicção delas: brinque, se você for criança, brinque, corra pelo jardim da sua casa com seu cachorro se tiver um, mas se não tiver, simplesmente corra, e sinta o vento bater em seu rosto. Brinque de boneco com seus irmãos e em troca faça com que eles brinquem do que você queira depois, seja de barbie, pique-pega, detetive. Não pule essa etapa da sua vida que é tão importante, aproveite ao máximo cada pedacinho desses momentos, eles são únicos, afinal, você não para de crescer. Quando mais velho você ficar, vai perceber que seu corpo esta mudando, você acaba ficando um pouco feio por conta das grandes modificações do seu rosto, espinhas vão aparecer, seu nariz vai ficar um pouco maior do que o normal. Não passe as unhas no seu rosto, elas podem acabar te deixando marcas pra sempre, ou por muito tempo. Quando você se olhar no espelho, diga a si mesmo "eu sou lindo(a)" mesmo que se sinta horrível, porque, de fato, aos olhos Daquele que te ama mais que tudo, você é maravilhoso, com todos os defeitos. Não queime suas fotos, elas fazem parte de tudo o que você já viveu, e pode ter certeza, você dará boas risadas com elas. Você vai dar o seu primeiro beijo, e como com qualquer um, ele pode ser tão ruim ao ponto de dizer "nunca mais quero fazer isso na vida" - acredite em mim, você vai descobrir que isso é mentira. Você vai fazer amizades, algumas que vão ser passageiras, outras que vão de magoar, mas outras  que no fundo do peito sentirá que será pra sempre, faça loucura com esses amigos, monte uma caixa da amizade, beba e tire fotos para descobrir depois tudo o que você fez naquela noite, chame-os como quiser, 'plds' ou "creusas" são bons nomes. Você vai namorar, e uma coisa que eu aprendi é que você não deve esconder seus sentimentos, ame mesmo, porque amar é bom. Você vai descobrir que quanto mais você for sincero com seus sentimentos, mais eles vão te fazer bem, você vai ver que as vezes o amor não é recíproco, mas que muitas vezes é, e são esses amores que você mais vai se lembrar no futuro. Chore, chore muito, e depois de passar muito tempo molhando seu travesseiro, sorria, não há nada melhor do que abrir um belo de um sorriso depois de viver uma longa tempestade. Estude, você vai descobrir que a escola é um lugar maravilhoso não só pra encontrar amigos, e vai descobrir também que a única coisa que você quer no seu último ano de ensino médio é que o ano passe logo. Se você não tiver certeza do curso que vai querer pra sua vida, não se preocupe, muitos estão na mesma situação que você, afinal, você deve ter certeza do que quer fazer por toda a vida. Mas se você nunca tiver certeza, faça todos os cursos que quiser, abra um restaurante, escreva um livro, estude em outros países. Acredite em você, no seu potencial, não permita nunca que alguém te diga que você não é capaz, porque você pode tudo, até mesmo voar. Reze, mesmo que você pense que não tem tempo, apenas agradeça a vida que tem, afinal, você viveu ainda pouco, mas aposto que, assim como eu, já tem muita história pra contar.

domingo, 9 de janeiro de 2011

soneto da fidelidade

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor que tive
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

                                      Vinícius de Morais

sábado, 8 de janeiro de 2011

você

Você, sorriso branco, olhos escuros, camisa azul. A luz amarela da praça iluminava perfeitamente seu rosto. Seu olhar meigo e doce fazia-me sentir flutuar. Seu jeito gostoso de apertar os lábios mostrando suas covinhas no canto da boca faz parte de todo um conjunto perfeito, você. Aquele homem com cara de menino, por causa da barba recentemente feita, em meus braços estava. Acolhendo-o com carinho cantarolava uma canção desconhecida, tentava me lembrar a letra, mas a única coisa que chegava a minha mente era 'você'. De fato, era isso o que eu queria dizer; você, o sonho que eu mais quis, 'você', 'você'... Enquanto as palavras se encaixavam em minha mente você ali estava, frente a mim, abraçando-me e envolvendo-me com seu delicioso perfume doce, fazendo um par perfeito com o gosto de sua pele macia e branca. Colocando as mãos sobre seu rosto, observava cada traço seu, cada pelo, cada curva, tudo em seu devido lugar. Seu rosto era de homem mas sua pele era de uma criança. Sua boca tinha o tamanho certo para completar todo o conjunto que forma seu rosto. Seus lábios são macios e molhados, ousados e delicados. Seus beijos, ah seus beijos, sensação melhor não ha que sentir seus lábios tocarem os meus, nossos rostos se aproximarem, nossos braços se envolverem, nossos olhares se chocarem. Você, paisagem melhor não tem, você... ah, você.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

saudade

Ali estava ele, em pé no meio da luz que a areia refletia da lua cheia estampada em frente ao mar, e ali estava ela, sentada próxima a espuma das ondas que quebravam próximas as pedras. Ela estava de olhos fechados, apenas sentindo a luz da lua encontrar seu corpo bronzeado e iluminando suas poucas lágrimas derramadas. Ele estava descalço, e sentindo a areia fina lixar seus pés, se aproximava daquela mulher que exibia timidamente seu corpo para o doce luar. Ela sentia seus passos, abriu os olhos, e ali estava ele sentado à um metro de distância dela. "Você esta bem?" ele disse com a voz mais doce do mundo, ela apenas sorriu, e voltou-se a olhar a lua. O tempo foi se passando e eles não trocaram uma só palavra, ela continuava a admirar a lua laranja em sua frente e ele continuava a observar a beleza estampada no rosto delicado daquele pequena conhecida. Em minutos estavam mais próximos que de princípio. Suas mãos se encostaram e seus dedos entrelaçaram, ela se assustou, ele riu, os dois sorriram. Ela ficou envergonhada, ele continuou a sorri. Ele tinha 25 e ela já quase 17. Ele tinha olhos azuis e grandes, ela olhos verdes quase da cor do mar. Ela com cabelos longos e loiros, e ele com seus cabelos castanhos e curtos, sua pele branca fazia um perfeito contraste com a pele queimada de sol que ela refletia com a luz daquela noite.
Ela permanecia sem dizer uma sequer palavra, e ele já não quis fazer mais perguntas. A praia estava vazia, apenas os dois estavam ali. O silêncio da noite era quebrado pelas ondas fortes que tocavam os pés dos dois desconhecidos. Ele usava casaco e ela se arrepiava ao sentir o vento frio tocar em seu corpo. Ele a abraçou forte, ela voltou a chorar, e abraçou-lhe de volta. Ela sentiu um arrepio mais forte, algo que tocava seu coração de uma forma tão única, algo que não acontecia a alguns cinco anos. Ele sentia o mesmo durante aquele abraço. Ela derramou mais algumas lágrimas e ele as enxugou. Ele a olhava nos olhos e ela pouco enxergava por conta da água que acumulava em seus olhos. Ele tinha um respiração profunda e tão dele que logo era reconhecida por poucos privilegiados. Ela deitava em seu colo enquanto ele dizia "eu estou aqui, e nunca vou deixar de estar", ela sorria com o canto da boca enquanto sentia o gosto salgado das lágrimas de saudade que chegavam a sua boca. Ele a segurava pelos braços como se estivesse cuidando de uma criança frágil, e ela observava cada traço de seu rosto ainda intacto. A noite já havia se tornado dia e o sol os presenteavam com sua estonteante luz sobre o mar. Eles sorriam um para o outro no grande silêncio da vida ali em volta dos dois, um silêncio tantas vezes desejado pelas pessoas e tão pouco presenciado. Um silêncio que toca a nossa alma, um silêncio que nos faz abrir um largo sorriso no rosto independentemente do sofrimento que estamos passando. O silêncio tomou conta dos dois sentados ali na praia. Ele dizia que ela seria sempre sua pequena, e ela dizia que ele seria para sempre o seu Dudu.
Ela foi fechando os olhos mais uma vez, ele continuou ali com ela. Ela acordou logo depois em seu quarto, a respiração dele não estava mais ali, seu sorriso já não estava ali, sua vida não estava mais ali, ela sorriu pois sabia que ele estaria sempre aqui.