quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

noitada

As coisas começaram a girar.
"UM BRINDE AO MEU PRIMEIRO COPO!"
Todos riram e beberam. 
Que engraçado é beber, você nem mesmo percebe e as coisas já não estão mais em seu devido lugar. Eu virava o rosto e achava divertido ver as imagens chegarem ao meu cérebro bem devagar. Nosso corpo parece mais leve, mas nossas pernas mais pesadas. Meu olhar era rápido. Tudo estava ao meu alcance. Eu queria fazer de tudo! As coisas continuavam a girar. E eu continuava a rir. Primeira vez é sempre assim? Eu fiquei meio perdida. Mas logo achei a cozinha e por ali fiquei. Comendo um biscoito e tomando água. Mas acho que quando se está bêbado todos querem estar com você e rir de você. Eu não estava bêbada (nunca pense isso), mas confesso que estava bem alegre... Muito alegre. 
As pessoas falavam, falavam... Elas não paravam de falar! E para piorar falavam para eu parar de falar! Mas elas me faziam rir, e rir me fazia rir ainda mais. E as pessoas riam de mim. Que graça tinha naquilo? Eu só estava falando... rindo.. falando... rindo...
Mas ai... Depois disso tudo que vem a maior graça. Depois que você bebe você já não quer pensar em mais nada e simplesmente quer agir. então você levanta da cadeira e lasca um beijo naquela pessoa que você tinha a maior vontade, à meses, de fazer aquilo! AI MEU DEUS! E para piorar o seu batom laranja fica na boca dele e não tem nem como mais você dizer que não fez aquilo.  Você fica encabulada quando vê o que fez, mas acha bom em ver a cara da outra que viu os seus lábios encostarem nos dele e não ter sido ela a corajosa para fazer o mesmo... Você sorri com aquela boca borrada para a garota, olha para trás e vê aquele garoto com cara de assustado mas ao mesmo tempo admirado e pisca suavemente um dos olhos. ele sorri com o canto da boca e você sai desfilando como se fosse a mulher mais bonita do mundo. Ai você acorda, no dia seguinte, no meio da sua sala, lembrando do que fez perguntando a si mesma se foi sonho ou aquela festa realmente aconteceu.
(suspiro)
Eita noite impulsiva, meu Deus.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

30

Faltam apenas trinta dias para esse ano acabar, trinta dias. E o que você fez para o seu ano ter valido a pena? Fez novas amizades? Estudou? Passou de ano? Brigou? Fez as pazes com alguém? Sentiu saudades? Reencontrou amigos? Chorou? Se livrou das angústias? Riu? Fez alguém sorrir? Você tomou banho por horas apenas para tentar se livrar dos problemas? Tomou banho rápido porque acordou tarde? Você dormiu? Rezou? Brincou? Se apaixonou? Ou apenas teve um rolo? Você ficou sozinho o ano todo? Pensou em alguém? Desejou alguém? Cometeu loucuras? ... O que você fez? Se você, assim como eu, tem guardado dentro de você esse questionamento, não ignore-o, faça-o agora! O que você fez? O que eu fiz? E se eu fiz... Valeu a pena? e se eu não fiz?...
Talvez você diga a si mesmo que esse foi o melhor ano da sua vida, ou talvez não, porque sempre tínhamos que ter feito mais coisas. Mas, bem, o ano só termina em trinta dias... Só você sabe o que deve fazer agora.

Então... O que você quer fazer? O que você ainda tem para fazer? Corra atrás, viva, lute, ganhe!
Não se esqueça que você ainda tem tempo, mas não a eternidade.

domingo, 6 de novembro de 2011

adrenalina

Você esta esperando a sua vez, não tem tempo para beber água, muito menos de ir ao banheiro. As cortinas negras a sua frente estão livres, você então atravessa seu corpo por elas. O local esta lotado, apenas esperando que a música comece e você dê o seu melhor. Você prende o ar, as luzes se acendem, você começa a escutar a música, e mais do que isso, você consegue senti-la. Você e a música se tornam um só, e você dança em seu patins já surrado, quase que de olhos fechados. Você olha para o público, cada um que passar por sua visão você olha dentro dos olhos e eles não conseguem fazer mais nada a não ser olhar para você. Você está linda, A sua roupa esta perfeita em seu corpo, a maquiagem na cor certa. Seu coração bate forte, o suor frio atravessa seu rosto mas você finge não ligar. O final da música chega, você consegue fazer todos os passos da coreografia sem errar. Você gira, gira, gira, gira, dança, sente, sente, dança... Faz a pose final, as pessoas gritam emocionadas e encantadas. Você então conta cinco segundos, as luzes se apagam, ninguém mais te vê. Você sorri largo, de novo.

 E é... agora você pode voltar a respirar.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

pó compacto?

Estava eu andando pelo clube feliz e contente, pensando em coisas aleatórias, coisas sem sentido ou com sentido, pensando na vida mesmo, sabe? Até que o diálogo entre três  crianças de mais ou menos oito anos me fez parar por um instante meus pensamentos confusos sobre a vida.
Eras três amigas, muito amigas, andavam de mãos dadas e enquanto uma falava as outras duas fixavam o olhar na que contava um grande caso sem ao menos piscar:
- Ai, eu não aguento mais! Ela não entende de nada, ela nem mesmo sabe a diferença de blush e pó compacto!! - A do meio dizia com um tom de indignação.
- Sério? Nossa, quem?
- Que fora de moda!!
As outras duas responderam com o nariz em pé.
- Pois é, amigas, não sei mais o que fazer com a minha mãe. Ô garota difícil viu... - a do meio disse batendo os pés e saiu andando com a cara fechada na frente das amigas, enquanto estas diminuíram a velocidade e se olharam por alguns segundos.

em alguns segundos o silêncio fez forte presença entre as duas, e elas apenas se olharam....

- O que é pó compacto?
- E eu lá sei?!

Ai ai, mulheres...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Juliana

Ela dormia profundo, sua respiração quase não dava para se notar. Ela estava linda, seu cabelo novo brilhava junto com seu rosto. Ela estava forte... Com sono, mas estava bem.
Lembro-me bem daquele momento. Ela abria os olhos e sorria para mim, mas logo fechava-os novamente para descansar. Poderia dormir também, mas minha vontade de olha-la e cuidar dela era tão maior. Afinal, nada era mais importante naquela hora a não ser ela. Eu lembrava então dos nossos momentos juntas. Nossas conversas, nossas baladas planejadas, nossos vídeos, brincadeiras de primas. Tudo era tão bom. Nós éramos tão novas, mas tão amigas. Todos os primos, na verdade. Se faltava um, não tinha tanta graça. Todos tinham sua significativa importância. Mas ela... Ah, ela. Ela era linda. A risada, a felicidade que ela trazia no olhar. Tudo nela era dela, não era cópia, não era moda, era ela. Era força, era beleza, era handebol, era animação, era alegria, era prima, era irmã mais velha, era filha, neta, amiga... Era Juliana.
Hoje já não estou mais a admira-la naquele quarto, com aquele sorriso e aquela disposição. Hoje também não a vejo triste. Hoje, na verdade, não a vejo, não posso ver... Mas sei que hoje o céu se abriu, o sol brilhou mais forte, a luz estava ali. Parecia até que o céu estava em festa. Mas acredito que ainda esta. Ela esta lá, com o mesmo brilho, com o mesmo amor, com a mesma força. Sendo a mesma irmã, a mesma filha, a mesma prima, a mesma amiga, sendo um novo anjo. E sendo, mais do que nunca, a nossa Juliana.

fenomenar


Boa noite!! Hoje não vou escrever muito, na verdade, esse não é o meu propósito do dia. Hoje, na verdade, queria colocar apenas um pensamento curto, mas muito importante, que tive essa manhã...

Bem, o fato é que hoje eu conheci uma nova palavra, uma palavra que na verdade não existe, mas para mim fez todo o sentido. "fenomenar". Fenomenar poderia ser um verbo qualquer no vocabulário de alguns, ou um nada para outros. Mas para mim, fenomenar fez todo o sentido na minha vida. Fenomenar não é apenas uma ação, ou um modo de pensar, é voltar para o início de tudo. Recomeçar, fazer diferente, mudar as coisas de lugar, entrar em um balão e voar, ou apenas vê-lo voar por outros lugares...

Hoje descobri que fenomenar pode significar muitas coisas se eu quiser, como tornar uma amizade antiga em nova, e por mais que pareça impossível, depois que descobri essa palavra, essa situação se torna muito possível.

ENFIM!

Fenomenar pode não ter muito sentido para você, mas para mim tem todo... Talvez seja porque ultimamente ando fenomenando muito...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

tensão pré vestibular

Física, preciso estudar física! Qual é o valor de pi mesmo... 3,15?
Números complexos, i, por que raios eu preciso saber o que é "i"?
Vargas conseguiu negociar e colocar nas mãos dois dos maiores líderes mundiais durante a segunda guerra e ainda dizem que os brasileiros são burros? 
Que bando de artista doido é esse que se machuca só para dizer que aquilo é arte? Primeira Guerra, Alemanha, Hitler, Segunda Guerra, Judeus... EUA É UMA POTÊNCIA MUNDIAL! Como é aquela regra da mão direita mesmo... polegar para a corrente, dedos para o ponto, palma da mão indica direção do campo. Nem toda artéria leva sangue arterial e nem toda veia leva sangue venoso... ensino fundamental ensinou errado. Bossa Nova é um estilo de música brasileira de uma classe social melhor e trabalhadora. A claquete foi inventada para marcar as cenas, quando surgiu o cinema falado ela passou a marcar o som e a imagem para fazer a sincronização de ambas. Nas pilhas a ponte salina serve para que mesmo? (estalada de dedos)... iiiiiiii...

Odeio química orgânica...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

casa nova, blog novo.

Então, estou em momento de mudança; fazia tempo que não passava por isso, acho que me mudei apenas uma vez na vida, mas era tão pequena que não teve diferença quase que nenhuma para mim. Mas vou contar-lhe um pouco da experiência que estou tendo agora, nessa semana...
Primeiramente, acordei sexta feira, em pleno feriado, as 7h da manha com vários homens invadindo minha casa para encaixotar coisas e desmontar todos os móveis que viam pela frente. Eu ainda estava de pijamas, e me senti na obrigação de sair do meu quarto daquele jeito para ordenar aquela bagunça, já que meus pais não estavam em casa. Foi o que fiz, depois troquei de roupa, me ajeitei em partes e continuei a tocar aquela bagunça. Eu pegava as caixas de papelão, fechava todas com uma fita que grudava em meus dedos e não soltava tão fácil. Cansei, quis abandonar aquela loucura que estava minha casa, mas ao mesmo tempo que perdia a cabeça... Gostava do clima de mudar. MUDAR. Que palavra bonita de se dizer, não é? Desde pequena gosto dessa palavra. Acho que ela se refere a muitas coisas. Se olharmos para a vida, por exemplo, tantas coisas mudaram. A gente muda a cor da parede, muda o armário, muda o jeito de pensar, muda de amores, muda de casa, muda de carro... Tudo muda, sejam coisas significastes ou insignificantes, seja você, seja as coisas. Eu sempre gostei de mudanças, se eu olhar para tudo que já fiz, já fiz muitas coisas diferentes, coisas que até os outros não acreditam. Como por exemplo, nessa mesma sexta feira que estive tocando a mudança de minha casa, saí para jantar com um grande amigo, uma ótima companhia se querem saber, eu contava para ele a quantidade de estilos que já tive; eu mudei de hippie para punk, de desleixada para patricinha, de ateu para cristã, de antes para atual em uma intensidade sem igual. Ele não conseguia me ver de todas aquelas formas, acho que ninguém me vê de punk ou de hippie, mas eu fui. E eu gostava do estilo que tinha. Engraçado... As vezes a gente muda sem nem mesmo perceber que mudou. Quando eu passei por todas essas fases nada me fazia classificar o que eu era, se era bom ou ruim, não tinha classificação, eu só mudava. E apenas quando eu olhava para o passado via o caminho que havia percorrido. Todas aquelas mudanças, todas aquelas loucuras, todas aquelas etapas são um pedacinho de mim. Tudo o que eu sou hoje é a mistura de tudo o que já fui antes. Claramente fui selecionando tudo o que eu realmente via que se encaixava a mim. E sabe... Eu gosto de ser assim.
E como agora eu estou em um novo momento de mudança, em uma nova etapa da vida, em um novo comportamento, nada melhor do que mudar um pouco o que mais tem "a minha cara", o meu blog. Mais luz, mais cor, mais vida. Afinal, é isso o que eu desejo para esse meu novo momento: MUITA VIDA.

domingo, 18 de setembro de 2011

amor

Amor
Amor.
Amor!
Amor?
E o que é de fato o amor?
E eu lá sei o que é amor?
Acho que não, mas também sei que não chega nem perto do que dicionários dizem. Com certeza é muito maior.

(suspiro)

Pois é, amor, acho que é isso, não tenho nada a declarar... Por enquanto.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

laço de fita

Era verão de 1994 quando uma menina nasceu. Ela tinha olhos azuis cor de céus e os cabelos negros. Quando nasceu, sua mãe logo quis produzi-la e pós-lhe um laço bem grande de fita em seu cabelo. O laço era cor vermelho cintilante, quase maior que a menina. O laço brilhava muito, mas não tanto quanto os olhos da mãe ao segurar a menina nos braços para amamenta-la. É até engraçado comentar sobre essa situação. A vontade de ter uma filha era tão grande que aquela mãe já tinha feito milhares de laços coloridos para colocar em sua menina. Ela passava dias tricotando e fazendo casaquinhos para sua mais nova bonequinha. Ela, enquanto esperava o grande dia, brincava literalmente de casinha com as coisas miúdas que comprara para colocar em seu quartinho. Cada roupinha, cada sapatinho, e sempre um laço de fita para combinar.
A menina foi crescendo, e a cada dia sua mãe colocava um novo laço de fita. Sua mãe adorava tirar fotos da filha, e em todas as fotos a menina usava um laço diferente. Uns maiores, outros menores. Uns com muitas cores, outros mais simples. Mas o laço continuava ali, como se fizesse parte da menina. Aos nove anos a menina conheceu um menino, e eles brincavam sempre quando possível. E quando se encontravam parecia que as brincadeiras eram sempre novas, ou as ideias nunca acabavam. Ele nascera no mesmo ano que ela, porém um mês depois. Mas nenhum dos dois se importavam muito com idades, o importante mesmo era brincar e curtir ao máximo o pouco tempo que tinham para fazer isso. Ele era mais alto e tinha o cabelo mais escuro também. Seus olhos de jabuticaba penetravam nos olhos azuis da menina de uma forma tão forte que os dois sentiam o que o outro queria dizer. Ele a chamava de "menina do laço cor de rosa" e ela apenas o chamava pelo nome. Eles foram crescendo, os cabelos da menina se tornaram loiros com alguns cachos nas pontas e o menino cresceu muito, e seus cabelos continuavam escuros. Os encontros foram ficando cada vez menos frequentes, mas aquele sentimento forte que um tinha pelo outro ainda existia, e era o que os mantinha conectados sempre. A menina começou a parar de usar rotineiramente laços de fita, porém, nos poucos dias que usa os dois se encontram e os olhos do menino passam a brilhar, assim como o laço cor de rosa brilha para ele. E é assim, quase que sempre. Ele olha para ela, ela olha para ele, a saudade daquele tempo vem, e a amizade dos dois continua ali, como um laço de fita: é bonito, então nunca temos vontade de desfazer.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pessoa especial

“Ficar com muita gente é fácil”, diz um amigo meu, com pouco mais de 25 anos. “Difícil é achar alguém especial”.
Faz algum tempo que tivemos essa conversa. Ele tentava me explicar por que, em meio a tantas garotas bonitas, a tantas baladas e viagens, ele não se decidia a namorar.
Ele não disse que estava sobrando mulher. Não disse que seria um desperdício escolher apenas uma. Não falou em aproveitar a juventude ou o momento e nem alegou que teria dificuldade em escolher. Disse apenas que é difícil achar alguém especial.
Na hora, parado com ele na porta do elevador, aquilo me pareceu apenas uma desculpa para quem, afinal, está curtindo a abundância. Foi depois que eu vim a pensar que existe mesmo gente especial, e que é difícil topar com uma delas.
Claro, o mundo está cheio de gente bonita. Também há pessoas disponíveis para quase tudo, de sexo a asa delta. Para encontrar gente animada, basta ir ao bar, descobrir a balada, chegar na festa quando estiver bombando. Se você não for muito feio ou muito chato, vai se dar bem. Se você for jovem e bonita, vai ter possibilidade de escolher. Pode-se viver assim por muito tempo, experimentando, trocando de gente sem muita dor e quase sem culpa, descobrindo prazeres e sensações que, no passado, estariam proibidos, especialmente às mulheres.
Mas talvez isso tudo não seja suficiente.
Talvez seja preciso, para sentir-se realmente vivo, um tipo de sensação que não se obtém apenas trocando de parceiro ou de parceira toda semana. Talvez seja preciso, depois de algum tempo na farra, ficar apaixonado. Na verdade, ficar apaixonado pode ser aquilo que nós procuramos o tempo inteiro – mas isso, diria o meu jovem amigo, exige alguém especial.
Desde que ele usou essa fatídica expressão, eu fiquei pensando, mesmo contra a minha vontade, sobre o que seria alguém especial, e ainda não encontrei uma resposta satisfatória. Provavelmente porque ela não existe.
Você certamente já passou pela sensação engraçada de ouvir um amigo explicando, incansavelmente, por que aquela garota por quem ele está apaixonado é a mulher mais linda e mais encantadora do mundo – sem que você perceba, nela, nada de especial. OK, a garota é bonitinha. OK, o sotaque dela é charmoso. Mas, quem ouvisse ele falando, acharia que está namorando a irmã gêmea da Mila Kunis. Para ele ela é única e quase sobrenatural, e isso basta.
Disso se deduz, eu acho, que a pessoa especial é aquela que nos faz sentir especial.
Tenho uma amiga que anda apaixonada por um sujeito que eu, com a melhor boa vontade, só consigo achar um coxinha. Mas o tal rapaz, que parece que nasceu no cartório, faz com que ela se sinta a mulher mais sensual e mais arrebatada do planeta. É uma química aparentemente inexplicável entre um furacão e um copo de água mineral sem gás, mas que parece funcionar maravilhosamente. Ela, linda e selvagem como um puma da montanha, escolheu o cara que toma banho engravatado, entre tantos outros que se ofereciam, por que ele a faz sentir-se de um modo que ninguém mais faz. E isso basta.
É preciso admitir que há gente que parece especial para todo mundo. Não estou falando de atores e atrizes ou qualquer dessas celebridades que colonizam as nossas fantasias sexuais como cupins. Falo de gente normal extremamente sedutora. Isso existe, entre homens e entre mulheres. São aquelas pessoas com quem todo mundo quer ficar. Aquelas por quem um número desproporcional de seres humanos é apaixonado. Essas pessoas existem, estão em toda parte, circulam entre nós provocando suspiros e viradas de pescoço, mas não acho que sejam a resposta aos desejos de cada um de nós. Claro, todo mundo quer uma chance de ficar com uma pessoa dessas. Mas, quando acontece, não é exatamente aquilo que se imaginava. Você pode descobrir que a pessoa que todo mundo acha especial não é especial para você.
Da minha parte, tendo pensado um pouco, acho que a pessoa especial é aquele que enche a minha vida. Ela é a resposta às minhas ansiedades. Ela me dá aquilo que eu nem sei que eu preciso – às vezes é paz, outras vezes confusão. Eu tenho certeza que ela é linda por que não consigo deixar de olhá-la. Tenho certeza que é a pessoa mais sensual do mundo, uma vez que eu não consigo tirar as mãos dela. Certamente é brilhante, já que ela fala e eu babo. E, claro, a mulher mais engraçada do mundo, pois me faz rir o tempo inteiro. Tem também um senso de humor inteligentíssimo, visto que adora as minhas piadas. Com ela eu viajo, durmo, como, transo e até brigo bem. Ela extrai o melhor e o pior de mim, faz com que eu me sinta inteiro.
Deve ser isso que o meu amigo tinha em mente quando se referia a alguém especial. Se for isso vale a pena. As pessoas que passam na nossa vida são importantes, mas, de vez em quando, alguém tem de cavar um buraco bem fundo e ficar. Essas são especiais e não são fáceis de achar.

IVAN MARTINS
editor-executivo de ÉPOCA

sábado, 20 de agosto de 2011

surpresa de manhã

Eram seis em ponto da manhã de um sábado qualquer e normal. Eu estava dormindo, tendo meus maravilhosos sonhos que já não lembro mais exatamente como eram, mas sonhava gostoso. E de repente...
TRIIIIIIM TRIIIIIIIM (o telefone de casa toca)
- Alô? - Disse com dificuldade para falar alto ao ponto da pessoa do outro lado escutar.
- Maristela?
- Oi pai, tudo bem?
- Sabe, eu andei pensando. Eu não estou feliz aqui, não estou nada feliz. Então estou voltando, estou indo para o aeroporto, devo chegar em Brasília umas quatro horas. E eu pensei se você não queria ir a Pirenópolis comigo - Ele dizia com a voz mais calma e ao mesmo tempo nervosa do mundo.
- Uai... - Tentava entender o motivo daquela ligação - Vamos, tudo bem.
- Você quer ir comigo? Acho que se a gente quer fazer diferente, a gente tem que começar diferente. Então vamos passar o final de semana juntos, ficar juntos. Faz a sua mala, eu vou esperar.

Enquanto ele dizia só pensava no "se a gente quer fazer diferente, a gente tem que começar diferente". O que ele queria dizer com aquilo? Será que eu o tratei mal ontem quando ele foi viajar? será que ele esta sentindo a minha falta assim? Mas eu não lembro de nada disso... AI MEU DEUS, O QUE EU FIZ?

- Pai? Ok, a gente pode ir... Mas esta tudo bem?
- Sim, sim... - caiu a ficha - Filha?? Como assim? Eu quero falar é com a sua mãe!
- HAHAHAHAHAHAHHA A tá! Agora sim tudo fez sentido! Calma pai, vou passar para ela. Mas eu gostei muito da proposta que você vai fazer, ok?
- Ok, obrigada filha. (voz de constrangimento)

Ai ai ai, jovens...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

era uma vez três crianças.

Três crianças brincavam em casa, uma de quatro anos, outra de cinco e outra de dezessete. Elas corriam de um lado para o outro. Gritavam de tal forma que talvez toda a vizinhança escutava a bagunça que faziam:
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!
- Corre Digo! Ela esta chegando!
- Calma Lulu! vamos nos esconder aqui. Ela nunca vai achar a gente.
- hihihihihih

(toc, toc, toc) os passos começaram a se aproximar e ficar mais fortes.

- Ai que med...
- SHIIIIIIIU Lulu! você quer que ela nos ache?
- Desculpa.

TOC TOC TOC
(silêncio) ninguém mais falava. apenas a respiração das duas crianças menores era possível de se ouvir. Elas se enrolavam com medo de serem vistas pela terceira criança.
- Acho que ela não esta aqui Lulu. Vamos lá.
(silêncio outra vez)
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH! (grito de surpresa da terceira criança)
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH! (susto da primeira)
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!! (susto da segunda)

(respiração profunda e frenética)

- HAHAHAHAHAHAHAH que susto Nathalinha.
- Agora é a nossa vez!
E dizendo isso, as duas crianças menores correram atrás da maior. A mais velha correu rapidamente para o quarto. e pensando que estava à salvo, é de repente surpreendida por dois pequenos projetos de gente. o menino gritava e com as pequenas mãozinhas tentava fazer cosquinhas na garota mais velha. E a menina mais nova ria, ria mais do que a que recebia a tortura das cócegas. E foi assim, durante toda a tarde. Risadas eram espalhadas pela cidade onde eles estavam. Espalhando a felicidade de criança que tinha presente ali.

ai ai... (risada)
Não é gostoso ser criança?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

antes de dormir.

são mais de meia noite e mais uma vez estou sem dormir. Atualmente essa situação se tornou mais normal do que o meu acordar as seis horas da manhã para ir a aula. Tem dias até que não preciso acordar nesse horário pois passei a noite em claro pensando em nada. Ou as vezes até durmo, mas durmo pouco pois acordo repentinamente com um pesadelo. Não sei ao certo o motivo dessa insônia descontrolada. Talvez cansaço, talvez energia demais, talvez falta de oração, inquietude. Confesso que tenho um pouco de cada uma dessas justificativas, mas nenhuma é forte o suficiente para me impedir de descansar. Sabe, ultimamente eu ando meio calada, sem vida, e com pouco sorriso. Ando sozinha, tentando entender a vida e as coisas como elas são, sem questionar. Mas eu fracasso, pois nada que entendo é suficiente. Como se faltasse sempre alguma coisa. Como um risoto de frutos do mar sem camarão. ou uma ida a casa dos amigos sem comer pizza e ver filme... Atualmente não consigo dormir porque sinto falta de algo, e os meus dias acabam por se tornar tão incompletos que não tenho a mesma capacidade de deitar tranquilamente em minha cama e dizer "obrigada Deus, pelo meu dia" um pouco antes de cair no sono. O fato é que sinto falta daquele olhar, sinto falta de carinho, sinto falta do abraço apertado, sinto falta do sorriso sincero e bobo, sinto falta da música. Sim, ah como sinto falta disso. Daquela música lenta e tranquila. Aquela música cheia de vida e paixão, aquela música cheia de saudades, cheia de você, aquela música cheia de nós. A música que me faz acreditar que eu posso dormir e sonhar com você, pois estarei segura. Então é só isso, é só isso que eu quero. Vem pra cá, toca aquela música, vem me fazer dormir, vem nos fazer viver, vem nos fazer feliz.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

um conselho para você

Esses dias eu andei pensando, creio que até chorando um pouco (algo que fazia tempo que não acontecia), e notei como é bom colocar para fora algo que te machuca tanto, algo que já te fez sofre tanto. E exatamente nesses dias me veio o seguinte questionamento “por que sofremos tanto com a vida?”, confesso ainda não ter uma resposta concreta para essa pergunta em minha cabeça, mas cheguei a uma pequena reflexão de vida, que espero levar comigo até o dia em que morrer:
Existem coisas na vida que são feitas para não serem escritas, lidas, ditas ou descobertas. Essas coisas não seriam tão preciosas se soubéssemos tudo sobre elas, o mistério que lhes dá o brilho. Descobri também, que essas coisas que nunca serão escritas são aqueles momentos de nossas vidas que serão marcadas eternamente em nossa memória, e é apenas marcada para sempre em quem sofreu alguma alteração com aquele fato ocorrido. Nós procuramos sempre descontar nossos sofrimentos nos outros, para ameniza-los, e, bom, acredito eu que não seja a melhor forma de superar. Devemos enfrentar as coisas com força e com a certeza que iremos vencer, pois se você lutar achando que irá perder, você nunca deixará de ser um fracassado, até o dia que olhará para si mesmo e erguerá a cabeça para o mundo e dizer “eu posso”.
Nesses dias uma pessoa amiga e muito sábia me deixou mais uma grande certeza da vida, uma certeza que, essa sim, eu nunca irei esquecer: Nós não devemos disfarçar nossas emoções em sorrisos falsos, afinal, todos tem seus dias ruins. Não devemos ser alguém igual aqueles que vemos na TV por medo de não ser aceitos do jeito que somos. Não devemos esconder a tristeza no riso, pois as pessoas necessitam da tristeza para superar as dificuldades, e é errando que se aprende a viver. Sim, devemos ter amigos para rolar de rir por causa das besteiras que os outros cometem, devemos ter orgulho dos próprios defeitos pois eles podem ser uma qualidade aos olhos de outros, devemos amar pessoas certas e certas, pois pessoas erradas não existem, devemos falar “eu te amo” quando for sincero. Sim, devemos abraçar o mundo e ajudar a quem precisa. Devemos fazer pessoas nas ruas sorrirem, devemos brincar com as crianças e ser como elas. Devemos ter coragem para mostrar nossas fraquezas e pedir ajuda. Devemos chorar, chorar muito. Pois até os mais fortes choram. E por fim, SIM, devemos levantar dos tombos, dar uma risada do que aconteceu e partir para o próximo obstáculo que a vida tem para nos oferecer.

domingo, 24 de julho de 2011

filhota,

Fui para o parque. Não acordei vocês porque desde ontem vi que não estavam muito animadas para ir comigo. Então quando voltar a gente combina alguma coisa, ok?
Vocês estão dormindo tão gostoso! É lindo de ver a amizade de vocês. Com amor...

Mamãe.

24/07
Domingo.

Fui para o pier com o Rafa e a Cela.
Amo vocês.

terça-feira, 21 de junho de 2011

números

Já parou para pensar que a vida é rodeada de números? O tempo, os passos, os quilômetros, tudo esta baseado em uma coisa: números. temos 24 horas todos os dias para fazer algo de diferente e fazer aquele dia valer a pena. 3 anos para se sentir sozinho. 1 minuto para mudar tudo para sempre. 2 minutos para fazer uma oração. 2 grupos de amigas. 8 personalidades diferentes. 1 irmã. 1 anjo. 5 segundos para notar alguém. 5 dias para conhecer alguém melhor. 1500 quilômetros de distância de alguém que você pode nunca ter visto na vida, mas essa já faz toda a diferença pra você. 10 dias para uma viagem incrível acontecer. 14 dias para conhecer ao máximo tudo o que uma cidade diferente tem a oferecer. Uma lua cheia para fazer duas pessoas distantes se sentirem unidas. 1 olhar para se sentir diferente. Uma noite para dormir e acordar lembrando de 1 alguém.

sábado, 11 de junho de 2011

el camino

Una vez me pregunté se estaba soñando o estaba viviendo un día cualquier. Y descubrí que hasta cuando  niña gustaba de hacer la vida como una película. Y en la película mis sueños se hacían parte del itinerario. Y así crecí, una chica actriz y llena de sueños. Pero muchas veces lloraba solita en mi cuarto cuando la vida me mostraba que cosas no muy agradables pasaban por nosotros; como perder una persona muy especial. En verdad, después que he sufrido muchas veces, ya no quería mas vivir como en las películas, porque en ellas, las cosas san, si, como la vida real, pero el editor corta las partes que no san agradables para el público, y nosotros somos engañados pensando que nuestra vida podría ser como en los sueños, o como en las películas de cine, y no lo será. Hoy, cuando miro para mi pasado veo que no estaba mismo en un sueño, pero el me llevó a lo que soy hoy. Mi vida fue muy sufrida, verdad, y hasta ahora no he estado cerca de una película, pero vivi todas las cosas que tuve voluntad, hiciste amistades, estudié, me enamoré, tuve momentos de mucha risa, he soñado, y el principal: VIVI. Y una cosa digo, en verdad, ahora creo que el sueño puede ser mas verdad que la vida. No digo que debemos vivir en un sueño, pero, si, hacer que el sueño sea el camino para la felicidad.

terça-feira, 7 de junho de 2011

ligação no um, dois, três.

(telefone toca)
- alô?
- ooi irmã! Como você ta?
- Oi irmã! Estou bem e você?
- Também!!
(cinco segundos de silêncio, para ter certeza do que dizer)
- Irmã, irmã... sabe o que eu fiz hoje?
- O que você fez hoje, irmã?
- Liguei só pra dizer que eu amo você.
(tu tu tu)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

fake

Eu queria falar sobre coisas divertidas, como chuvas de chocolate, delírios na cozinha, bolo de limão, enfim, qualquer coisa que passe pela minha cabeça e que me disperse por horas e horas fazendo-me deliciar-me com textos extraordinários. Mas minha felicidade hoje é por outros motivos que não me permitem escrever sobre algo a não ser sobre eles. Sabe quando você idealiza uma coisa e que, por mais que saiba que ela não existe, acredita piamente que em algum lugar no mundo ela deve existir? Pois é, eu sempre pensei assim. Sempre gostei de fantasiar em minha própria mente um mundo onde todas as coisas são exatamente como eu gostaria. Eu sempre acreditei que, escondidos em algum lugar, essas pessoas inventadas estivessem todas juntas tentando salvar a sociedade de todos os nossos problemas. Eu sei que isso não passa de um pensamento louco da minha cabeça, mas sabe o que eu descobri? Faz cinco dias, mais ou menos, não sei, que reparei que toda essa história em que eu, "iludidamente", acreditava, não era totalmente uma ilusão. Na verdade - vou contar um segredo pra vocês - eu conheci uma dessas pessoas invisíveis e "não existentes". E para ser sincera, eu nunca conheci alguém tão incrível quanto. E posso contar outro segredo? Ele é muito real.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dudu.

Eu sempre tive que ser uma garota forte. As vezes penso que essa é uma obrigação, eu TENHO que ser forte. Desde pequena coloquei em meu coração que minha missão era cuidar dos outro, engolir o choro, e lidar com minha emoções como uma adulta. Na verdade, fazem apenas cinco anos, quase seis, que penso assim. Mas hoje eu me pergunto: o que mesmo é ser forte? Não chorar, fazer com que os outros sintam-se fracos e impotentes, sentir-se superior? Talvez. Confesso que por muito tempo pensei assim, agi assim. Mas eu estava errada. E eu aprendi isso com você. É fato que não sou mais aquela garotinha de cinco anos atrás, aquela mocinha que você gostava de apertas as bochechas e dizer, com um abraço forte, "eu amo você". É verdade que eu não te disse muitas vezes o mesmo, mas posso te assegurar que em cada noite que ia até sua cama para te abraçar depois de um pesadelo, era uma forma simples de dizer que eu te amava também. Confesso que errei muito depois que você se foi, e que eu fiz exatamente o contrario de tudo o que você me ensinou. Mas veja só você! Um homem realizado, vinte anos, trabalho garantido. Dificuldades, sim; desanimo, nunca. E eu, bem, continuei a crescer, tentando lidar sozinha com as minhas feridas. Perdi minha confiança nas pessoas, perdi minha voz. E se canto, posso contar nos dedos os dias que cantei verdadeiramente para alguém. Hoje eu chorei ao escutar sua voz gravada em uma reportagem, e notei que eu não me tornei fraca por isso, eu fui verdadeira. Eu me permiti sofrer, permiti que a tristeza saísse do meu coração. E com lágrimas de saudades nos olhos sorri, e notei que a verdadeira força encontrei, ou melhor, notei, pois você nunca deixou de estar comigo.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

pegue seu lápis, comece a escrever.

Hoje eu não queria escrever, na verdade não tinha condições para tal coisa. Mas algo lá no fundo obrigou meu corpo a levantar do travesseiro e dedilhar nas teclas do computador sobre nada, definitivamente nada, pois em minha cabeça existe apenas o vazio. Então aqui estou, fazendo o que meu coração manda, e o que meu corpo se recusava a fazer. Hoje não quero escrever gramaticalmente certo, por mais que seja já inevitável fazer correções textuais, hoje quero simplesmente escrever sobre o que eu sinto, o que eu quero, o que eu gosto. Na verdade, faz um tempo que não penso sobre isso, sobre as coisas que realmente me trazem prazer. Na verdade, faz tempo que não faço nada, o que é frustrante, pois a vida é tão repleta de momentos, oportunidades, e muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes, desperdiçamos esse precioso tempo dormindo. A preguiça, o medo, o orgulho, o preconceito, tudo isso nos faz perder a motivação, tudo isso nos obriga a desistir fácil dos nossos sonhos, e por isso nos sentimos tão cansados. Sendo que na verdade, o que nós devemos mesmo fazer é levantar a cabeça, limpar as remelas dos olhos, e ter coragem de dar os primeiros passos, sejam eles pequenos ou curtos, o que importa mesmo é que andemos, e tenhamos coragem de, não olhando para trás, pegar nossas vidas e traçar nossos futuros, sonhar e viver.

sábado, 7 de maio de 2011

nove

Sabe, à nove meses atrás eu vivi um dos melhores dias da minha vida. E depois desse dia, tudo parecia ser melhor. As semanas, as cores, as pessoas, as horas, tudo parecia se importar constantemente com a minha/a nossa felicidade. Os meses foram se passando, o sentimento se aflorando, as coisas, os olhares, os sorrisos, os beijos, os abraços, todos eles pareciam ser de verdade. Eu sentia cada arrepio seu ao me tocar, e você sentia o meu.
Confesso que tive medo, e ainda tenho. Confesso que quis evitar qualquer tipo de sentimento, qualquer tipo de afeto. Mas eu não resisti a você. Tudo o que eu tive medo um dia, foi se desfazendo, e eu fui finalmente me apaixonando. Minha vontade de você aumentava a cada segundo e as semanas passavam como tartarugas quando tinha saudades. E os minutos pareciam segundos quando matava a saudade da sua boca e de tudo o que estava ligado a ela. Confesso não ter sido a melhor das pessoas. Confesso não ter sido a pessoa ideal pra você. Confesso não ter o mesmo tempo que o seu. Confesso que gostei de você de verdade, mas não da forma como demonstrei e confesso ter confundido alguns tipos de sentimentos. Mas tenho orgulho em dizer que eu me permiti tentar, e viver o que tínhamos para viver juntos.
Sei que o medo também consome você, e que nada do que eu digo faz muito sentido, mas talvez, um dia, quem sabe daqui a mais nove meses você sinta por alguém o que eu senti por você. E espero que este alguém sinta o mesmo e que nunca te faça sofrer como você já sofreu uma vez, e que você consiga se entregar e se apaixonar de verdade e que seja completamente feliz. Enfim, não espero que você entenda. Só espero que você saiba, que o que eu senti foi pura verdade, e espero que você não esqueça que foram-se nove meses que eu não queria outro alguém além de você. Mas que a vida me ensinou a primeiramente amar a mim mesma, e que para isso, eu tenho que reencontrar a minha felicidade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

carrossel.



É complicado falar de corações, de amores. É complicado falar de gente.


Quando vejo uma folha em branco vejo a vida, assim do jeitinho que ela é; dessas que Deus escreve certo por linhas tortas e são beeem compridas. E sinto vontade de borbulhar com a folha de papel, com a vida, nela, dentro dela.


O fato é que atualmente eu ando bem cansada, que não é desses cansaços que nos deprimem e acabam com o dia, é daqueles que não passam nunca e nos deixam continuar vivendo, dormindo e comendo. O mundo, as coisas, as vontades, tudo para, tudo parece querer esperar, mas, nada. Como num carrossel em que as crianças vão subindo e descendo enquanto o brinquedo gira e só gira. O fato é que ultimamente venho andando calada, quieta e sem muito coração. Venho rastejada, farejando o que há de bom por aí. Mas, ainda sim, e mesmo assim, não encontro magia, ou melhor, a magia encontro, mas falta sempre o melhor truque. Ou, também, pode ser o show da banda preferida, mas falta a melhor das canções. O que quer dizer que nunca está completo, e nunca é suficiente, aí cansa. Porque o brinquedo só gira.


Há coisas que são feitas para não serem lidas, não serem entendidas e nem sabidas. Outras, para se ter coragem e arriscar. Dessas eu gosto mais de lembrar, não, dessas eu gosto mais de viver. Nos meus momentos autobiográficos gosto, na realidade, de reformular essas coisas, grandes histórias da vida, e transforma-las em "contos-de-duendes-mentirosos" onde há sempre coragem para jogar o corpo contra o tempo aberto, sem chão, e sorrir com o canto da boca o mais bonito dos sorrisos, aqueles que só escapam quando se apaixona de novo depois de achar que jamais aconteceria outra vez com você. Mas, como se não bastasse as fragilidades do ser humano em geral, eu sei também das que são minhas, e é justamente quando acordo, sinto vontade de usar estrangeirismos como "realizo", enfim, acordo não só para limpar a remela dos olhos mas também encaixar uma asa-delta nas costas e pular de braços abertos para o "vazio-tão-repleto". E digo AMÉM , sentindo-me uma beata, das mais fervorosas. 

terça-feira, 26 de abril de 2011

desejo de chocolate

Hoje, ao meio dia, após fazer uma farta refeição durante o almoço, deparei-me com uma grande caixa de cor rosa, bem chamativa. Era uma caixa quadrada bem decorada com um laço de fita cor branca. A caixa era linda, sua beleza me paralisou por minutos. - Afinal, o que guardava aquela caixa? - pensava comigo mesma enquanto andava ao seu redor. Minha cadela corria de um lado para o outro depois de sentir o cheiro da caixa. Seus olhos brilhavam e comecei a ver sua saliva respingar pelos bigodes brancos. Sem perceber, minha reação era quase a mesma, mas controlei-me e não banquei uma de boba e enxuguei a saliva que escorria do canto de minha boca. 


Enquanto eu e minha cachorra salivávamos, a caixa continuava a brilhar para nós. O que será que aquele lindo presente cor de rosa trazia? Cheguei mais perto, e, enquanto ainda pensava no que tinha ali dentro, abria vagarosamente o embrulho cintilante. - pelo cheiro deve ser uma torta, daquelas cremosas de chocolate com frutas vermelhas, ou então um monte de bombons trufados, com sabores variados. Ou melhor, bolo de chocolate com calda quente acompanhado de sorvete com trufas por cima e uma cobertura de frutas vermelhas. 


A ansiedade de saber qual dessas maravilhas estava a minha espera possuiu a minha mente. Já não ligava mais se salivava ou não. Queria aquele doce mais que tudo na vida. O barulho do embrulho era delirante, os rasgos me traziam mais desejo. Em segundos a caixa branca estava exposta para mim. A tampa era linda, parecia que tinha uma frase escrita nela "abra-me e delicie-se". Segurei-a então com as mãos, e vagarosamente fui abrindo a grande caixa. Fechei os olhos com força, e quando estava toda aberta, ali estava a minha sobremesa, o que eu mais esperava, o que o cheiro me deixou com água na boca, abri os olhos com a magia estampada no rosto esperando ver a calda quente de chocolate borbulhar pro cima do bolo de trufas... mas então vi: frutas, que decepção.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

a primeira vez

Que garota nunca sonhou com a primeira vez? Seja qual for a primeira vez; a primeira vez que aquele menino, que você achava lindo, na escola te olhou. A primeira vez que ele te levou ao cinema e segurou sua mão. O primeiro show que foram, o primeiro beijo na música errada. Todas as mulheres esperam por essas "primeiras vezes", todas as mulheres esperaram por elas. As vezes me pergunto se as minhas primeiras vezes serão mágicas como a das mulheres que escuto falar, como minhas tias, minha mãe, minhas avós. Mulheres que viveram tanto, tiveram tantas "primeiras vezes" e ainda esperam por mais surpresas na vida. Eu sonhei com o meu primeiro beijo e não foi aquilo que imaginava, mas eu continuei sonhando. Sonhei com o primeiro namorado, sonhei com o primeiro beijo naquele homem mais velho de barba mal feita, planejei que aquele primeiro beijo acontecesse, aconteceu e eu gostei. 
Hoje, olhando para o passado, vejo todas as minhas "primeiras vezes", a primeira vez que ele tocou no meu corpo, a primeira vez que ele disse "eu acho que estou mesmo apaixonado pro você", a primeira vez que eu dormi no seu colo enquanto ele fazia carinho em meu rosto. A primeira vez que passamos minutos olhando fixamente para os olhos do outro e não dissemos nada. A primeira vez que eu disse "eu te amo" com esforço e ele retribuiu apenas com um sorriso sincero. Todas essas "primeiras vezes" que passei foram maravilhosas e deixaram marcas lindas que nunca vou esquecer. Mas com todas essas "primeiras vezes" que tive, ainda sonho com outras maiores. 'Primeiras vezes' que vão demorar para acontecer, e para que elas sejam inesquecíveis, precisam de tempo.
Nós, mulheres, precisamos de tempo, de carinho, de paciência, de ter confiança. Precisamos de amor, precisamos saber que somos amadas. Precisamos ser cuidadas com delicadeza. Precisamos que vocês homens entendam que as nossas "primeiras vezes" são importantes, e que devem ser lembranças incríveis das nossas vidas a dois. Afinal, nós amamos vocês, mas amamos também a nós mesmas, e queremos sempre o nosso melhor.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

pequena manhã de luz.

Era dia 21 de agosto, uma quarta-feira como qualquer outra. Eduardo levantou-se cedo aquela manhã e, de pijamas, foi preparar suas duas torradas integrais e seu café com leite para começar mais um dia cansativo de trabalho.  Enquanto comia, lia as notícias do dia no Jornal de São Paulo, e não se surpreendeu com as trágicas reportagens; diferentes políticos, as mesmas corrupções, os mesmos países, as mesmas bombas, diferentes guerras, os mesmos resultados.
Caminhou lentamente até o banheiro, tomou um rápido banho e depois colocou seu mais clássico terno preto, com uma blusa branca e uma gravata listrada. Arrumou a cama e saiu para o trabalho pontualmente, como de costume.
Enquanto enfrentava o terrível transito do centro da cidade, Eduardo pensava no tempo que estava perdendo para terminar o processo da impressa que deveria ser entregue naquele mesmo dia. Suspirou fundo, olhou para a maleta e pegou um cigarro de dentro do macho novo que estava guardado no bolso externo, acendeu-o, abriu a janela, e com uma profunda tragada virou os olhos para o carro parado ao seu lado. Um Gol preto, não muito interessante. Eduardo levantou os olhos até a janela aberta da porta traseira do pequeno carro.
Um garotinha de cabelos negros e grandes olhos azuis o observava com dificuldade através da janela meio aberta. Nesse momento, o rosto rígido e enrugado de Eduardo se tornou imóvel com tamanha semelhança aquela garotinha tinha com sua filha. Ela continuava a observa-lo com seus grandes olhos e seguia o movimento que o cigarro fazia em sua mão para chegar até sua boca.
A mão do homem começou a tremer e o cigarro caiu no asfalto. O sinal vermelho tornou-se verde e Eduardo olhou para a menina mais uma vez, ela, olhando-o nos olhos abriu-lhe um largo sorriso que lhe estremeceu a alma, aquele fora o primeiro sorriso sincero que recebera após a morte de sua filha Isabel. Após aquela cena, ele continuou a dirigir em direção ao trabalho. E naquele instante, ele decidiu que aquele dia não seria como os outros, e pôs-se a sorrir também.

terça-feira, 15 de março de 2011

garota moleque

       Despertei cedo aquela manhã, algo que normalmente não acontece comigo, justamente por ser sábado, e nesse dia eu me dedico 100% ao sono. Tentava fechar os olhos novamente e voltar para o meu delicioso sonho, onde estava em uma cidade de chocolate - lá eu caminhava pelas ruas e sentia o aroma de confeitos pelo ar, a grama tinha gosto de chiclete de menta e as maçãs das árvores eram cobertas por caramelo. As casas eram de massa de bolo, e os telhados eram pirulitos. – Mas minha tentativa foi frustrante, a fome que aquele sonho me proporcionou era maior do que o meu desejo de voltar a dormir.

Então, encorajando-me a encostar os pés no chão gelado do meu quarto, levantei-me e, arrastando a calça larga do pijama, andei até a janela que estava meio aberta. Abrindo com os dedos as persianas brancas, olhava com dificuldade tudo o que acontecia do lado de fora da minha casa. E como sempre, nada me impressionou. As mesmas pessoas estavam ali: Dona Fabiana estava usando seu mais clássico terninho azul marinho, e como de costume, calçava os sapatos de vinte centímetros no meio do caminho enquanto corria para não perder o horário do metrô. Seu Bernardo acabara de abrir a padaria e o cheiro de pão de queijo chegava até a minha janela, fazendo com que minha fome só aumentasse, e Dona Marta já estava sentada no banquinho do parque do Jardim Botânico dando comida para os pombos. Nunca entendi essa louca paixão que ela tinha por pombos, eles sempre foram nojentos para mim, sujos e cheios de doenças, mas de alguma forma aquelas criaturinhas faziam Dona Marta mais feliz, ou melhor, eram as únicas coisas que a deixavam feliz, nunca a vi sorrir para outra coisa, ou alguém, na verdade, sempre achei que ela fosse meio ranzinza.

O céu aquela manhã estava  bem azul, sem nenhuma nuvem para atrapalhar o brilho do sol, o dia estava perfeito para ir a praia e surfar, ou andar de skate. -Você pode estar se perguntando que tipo de garota eu sou pra pensar em fazer essas coisas no lugar de ligar para amigas e combinar de ir à praia de Ipanema só pra tomar um sol, pois é, eu nunca fui esse tipo de garota, desde pequena aprendi a gostar de jogar futebol e conviver mais com garotos, eu gosto de ser assim, comer um sanduiche com muito bacon no lugar de um prato de “mato”.
           
Voltei os olhos para dentro do meu quarto, tudo estava uma zona total, minha cama estava com os lençóis todos revirados – mas afinal, quem é que dorme sem se mexer? – haviam pilhas de roupas pelo chão, já não sabia o que era limpo ou sujo, mas considerei tudo sujo por estarem todas juntas. Ignorei por completo o meu quarto e atravessei a casa até a cozinha para tomar um leite, como costumo fazer. Meus pais já estavam de pé, meu pai estava na cozinha fazendo ovos mexidos e minha mãe estava na sala com o jornal na mão marcando possíveis apartamentos para morar. Sentei-me com ela fazendo-lhe companhia enquanto tomava meu leite.

- Bom dia Marcela! – os dois falaram juntos com a mesma entonação.  - Agora que meus pais estão se separando, eles fazem de tudo para chamar a minha atenção e disputar lugar na minha vida. As vezes pergunto-me se eles  realmente lembram que eu sou filha e nunca vou preferir um ou outro.
-                  Bom dia... – Respondi com a voz rouca ainda.

Meu pai chegou com o ovo, juntamente com um pão de queijo saindo do forno, aquilo fez meu estômago falar alto, e minhas salivas caírem pelo canto da boca. A cada pequeno pedaço de pão de queijo, mastigava vagarosamente para degustar aquele sabor único por cada pequeno segundo. No quinto pão de queijo retirei-me para não detonar minha dieta ainda mais. Então voltei para o meu quarto, olhei para as montanhas de roupa e fiquei com preguiça de tudo aquilo, peguei um short jeans, uma blusa branca sem manga e com rendinha na ponta, um cintinho fino e uma havaiana, peguei dez reais na carteira e saí para caminhar. Não queria surfar, mas muito menos ficar em casa.
           
Enquanto caminhava pelas Rua Pacheco Leão, observava o Parque, ele estava mais verde do que ultimamente, havia menos pessoas fazendo visitações naquela manhã, o que eu achei estranho, porque era sábado e as pessoas normalmente escolhem esse dia para fazer piquenique com a família. Continuei a caminhar sem saber pra onde ir, simplesmente fui caminhando. Andava analisando as pessoas que passavam por mim. Algumas bem humoradas, outras não. Algumas mulheres com olhares estranhos e suspeitos, outros homens com expressão preocupada. Crianças correndo em direção ao parque e mães correndo atrás das crianças. Parei por um instante ao encontrar uma ramificação da rua que costumava caminhar, fiquei parada procurando o final dela, mas ela era estreita e muito longa. Virei-me para continuar meu caminho, mas aquela pequena rua me chamou a atenção, e a curiosidade é meu maior defeito.

            Caminhando com passos curtos e bem lentos, sentia o asfalto antigo tocarem os dedos dos meus pés. As casas das ruas eram velhas e poucas eram pintadas. A maioria era feita de madeira e o cupim já estava fazendo com que elas estivessem ao ponto de cair. Uma das casinhas me chamou a atenção, era uma igreja bem pequena, as paredes estavam detonadas e o telhado era quase inexistente. A porta e as janelas eram de madeira pintadas de azul. As escadarias eram de cimento e a terra vermelha cobria quase que totalmente a sua cor branca. Enquanto passava os olhos pela pequena Igrejinha vi uma criança sentada de pernas cruzadas de frente para a porta aberta.

            Aproximei-me mais um pouco da criança vestida de trapos, e ela se assustou com os meus passos.

-       Desculpe – Eu disse, mas ela não me respondeu. Tentei identificar para onde o olhar da pequena criança estava fixado, e notei uma pequena caixinha com uma vela acesa ao lado. – Posso me sentar aqui? – Ela continuou sem responder.

Sentei-me então ao lado do menino e fiquei olhando para a caixinha iluminada. Sentia a respiração ofegante dele como se estivesse acabado de correr alguns quilômetros, ele segurava forte as mãos entrelaçando os dedos, e franzindo a testa olhava ainda com mais vontade para a caixinha dourada.
-       Por que você está aqui fora? – perguntei cortando o silêncio que estava no ar.
-       Porque eu não posso moça... Ele disse abaixando a cabeça.
-       Como não pode? O que te impede de ir até lá? – perguntei indignada com a resposta do menino.
-       Eu não tenho ropa pra vesti não moça, e a mãe disse pra não entrar na Igreja de chinelo que é falta de respeito com o Moço...
-       Que “moço”? – quis saber.
-       Minha mãe sempre me conta histórias antes de dormi, e uma vez ela me contou que tem um moço ali naquela caixinha que morreu por mim, eu não acreditei no começo porque como alguém morre por outra pessoa sem nem conhecer? E como essa pessoa consegue ficar dentro de uma caixinha tão pequena? Mas a mãe falou que Ele me conhecia a muito tempo, bem antes deu nascer e pra eu viver bem Ele morreu em uma cruz pra me salvar de todo o mal. A mãe disse que se eu pedir qualquer coisa pra Ele, ele vai ajudar... – enquanto ele dizia, seus olhos brilhavam, como se estivessem refletindo a estrela mais brilhante do mundo.

Eu olhava para o rostinho daquela criança de traços já rígidos e expressão triste e não conseguia parar de observar a pureza que seu olhar transmitia. Ele sorria para mim com a meia boca e voltava o olhar para dentro da Igreja com a maior satisfação do mundo. Ele devia ter nove anos e tinha uma maturidade tão superior – Filho! Vamos para casa? – Uma voz doce vinda de uma mulher jovem com roupas sujas e surradas interrompeu meus pensamentos.

-       Até mais moça, tenho que ir! – o menino saiu saltitando em direção a mãe, abraçando-a começou a contar do seu dia e o que havia feito. Enquanto os via desaparecer pela rua comecei a correr, acho que nunca corri tanto na vida como hoje. Meu coração batia rápido demais, estava com medo de ter uma parada cardíaca, mas o desejo de reencontrar aquele garotinho era maior.
-       Ei! Espere! – gritei esperando alguma resposta. O garotinho olhou para trás com uma expressão surpresa, parou, esperou eu chegar e observou a minha respiração ofegante atentamente até eu inspirar um pouco mais de ar e começar a falar. – Ele realizou o seu pedido? – finalmente perguntei.
-       Não – um sentimento de decepção passou por mim – Eu apenas agradeci – Ele sorriu, segurou a mão esquerda da mãe e continuou a caminhar pela rua até que eu os perca de vista definitivamente.

Fiquei ali tentando processar o que aquela criança de aproximadamente nove anos acabara de dizer. Comecei a caminhar de volta para casa refletindo sobre aquela tarde que havia tido. As coisas pareciam tão mais simples do que o normal, naquela manhã a vida estava tão morta e monótona, e agora, no fim de tarde tudo estava tão mais vivo. Dona Fabiana chegava do trabalho muito mais elegante do que estava mais cedo, por mais que estivesse com a mesma roupa. Caminhava devagar e de cabeça erguida. Seu Bernardo havia encontrado com sua filha e quis fechar a padaria mais cedo para passear com a caçula no momento em que descobriu que seria avô. E Dona Marta encontrou com um senhor que também gostava de alimentar pombos, e dessa vez ela sorria para ele.
Chegando em casa corri para o banheiro, tranquei a porta e tirei a roupa com a maior rapidez do mundo, liguei o chuveiro, e enquanto esperava a água esquentar olhava-me no espelho. Subi no vaso sanitário e observei cada traço do meu corpo. Reparei que nunca deixei de ser gordinha, lembrei dos apelidos maldosos que meus amigos me davam por eu ser acima do peso de uma garotinha normal. Olhei para meu rosto e apalpei cada parte dele, minha boca que era mais carnuda, assim como a da minha mãe, meu nariz que era mais gordinho como o do meu pai, meus olhos azuis como o dos dois. Depois de analisar todo meu rosto, olhei para a barriga que ainda não era a que eu queria, passei os olhos pelos braços que não eram os que eu queria, pelas pernas que não eram as que eu queria e abri um sorriso para mim mesma.

Desci da privada e entrei debaixo do chuveiro, sentindo a água fervendo tocar minha pele olhava para cima e ria, ria porque não tenho motivos para chorar, sorria porque não vivo em uma cidade comestível e nada na vida é como um sonho feito de chocolates, mas ria principalmente porque não tenho o que reclamar, só agradecer.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

uma história de confeitos.

Meus pés já estavam doendo de tanto correr pela floresta. Os galhos das árvores batiam em meu rosto tentando impedir a minha fuga, mas eu não parava de correr. Não sei ao certo do que estava fugindo, apenas sabia que não podia olhar para trás. Passei a mão no meu rosto para retirar o resquício de insetos que, no impacto contra minha pele, perderam o resto do corpinho minúsculo, mas nunca parando de correr. De repente, senti meu corpo mais leve e meus pés pararam de latejar. Senti uma brisa gostosa levantando meus cabelos enquanto sentia um frio na barriga diferente. Olhei para meus pés e não havia chão. Tentei gritar mas minha voz não saia, fiquei muda ao pensar que ao cair espatifaria em vários pedacinhos no chão. Fechei os olhos com força ao ver a claridade do final daquele túnel quase que infinito, e tentei pensar em coisas boas para morrer feliz. Mas de repente, meu corpo sofre um impacto com uma estrutura molenga e com cheiro de morango. Meu corpo ficou pulando por alguns segundos até a gravidade estabelecer um controle sobre meu corpo e aquela massa cor de rosa transparente gigante. Olhei ao meu redor e só via aquela cama gigante de - "gelatina!" - gritei ao provar um pedacinho. Corri com dificuldade até a ponta da grande montanha gelatinosa e com um pulo escorreguei até o chão. estava tudo verde em volta, a grama tinha uma tonalidade bem viva, cheguei com meu rosto mais perto para sentir o aroma - mas o que é isso?! - perguntei pegando uma folha verde limão e mastiguei. A grama tinha gosto de chiclete de menta, e sua textura era daquelas folhas bem fininhas que quando encostadas na língua se dissolvem  em segundos. Olhei maravilhada para o resto do campo e avistei uma cidadezinha no final do horizonte. Comecei então a caminhar em direção a pequena civilização. E enquanto andava, catava mais algumas folhinha de grama para comer no caminho.
Ao chegar a pequena cidade meus olhos brilharam, as ruas eram feitas de biscoito negresco e tinha aroma de confeito, os postes eram feitos de pirulitos coloridos e os bancos eram de balas de açúcar. As maçãs das árvores eram cobertas por caramelo e seus troncos feitos de chocolate ao leite. As paredes das casas eram feitas de massa de bolo e os telhados de casquinha de sorvete. Enquanto olhava toda aquela cidade cheia de doces e confeitos, pensava por onde começar, qual seria a primeira degustação, se eu levaria alguma coisinha para casa ou viveria naquele lugar para sempre... Enquanto refletia escutei um barulho estranho, como de um trovão, mas dei de ombros e ergui o braço para arrancar uma das grandes maçãs carameladas que estavam a espera da minha degustação. Vagarosamente fui levando a maçã até a boca e quando estava prestes a morder o barulho surgiu novamente, porém mais forte. Olhei para o céu então, e uma grande quantidade de nuvens negras de algodão doce chegavam em minha direção. O vento forte fez com que um granulado caísse em meus olhos. Esfreguei-os e olhei para o céus mais uma vez, senti uma gota cair em minhas bochechas rosadas, passei o dedo indicador na gotinha e levei-a até boca - chocolate, que delícia - foi o que pensei, até ver a cachoeira de chocolate que vinha em minha direção. Rapidamente, peguei um pedaço grande do telhado de uma das casinhas e comecei a surfar entre as ondas gigantescas de chocolate. Os trovões não paravam, pelo contrário, ficavam ainda mais intensos. Eu avistei no meio do mar de chocolates um pedaço de um dos postes de pirulito e fiz dele meu remo, mas aos poucos o chocolate foi se esquentando e derreteu o açúcar colorido. A casquinha de sorvete onde estava sentada começou a amolecer e o chocolate começou a entrar em meu barquinho improvisado. Tentei gritar, mas a minha voz  falhou novamente. Apertei os olhos e segurei a respiração, preparando-me para mergulhar naquela maré descontrolada, porém, uma gota quente do chocolate caiu sobre meu nariz e o susto fez com que eu abrisse os olhos rapidamente. estava deitada no sofá da casa da minha avó e minha barriga roncava mais do que o normal, um barulho tão traumatizante quanto daqueles trovões vindos de algodões doces assassinos.
-Filhinha, tem sorvete de creme para comer com calda de choc...
-NÃO! - saí correndo pelo jardim antes que seja tarde, e sem olhar para trás.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Papai Noel

Você já teve um melhor amigo? Quando eu tinha cinco anos sempre quis ter um melhor amigo, um que brincasse comigo de lutinha e que ele não me deixasse ganhar fácil para eu ficar esperta nas brigas com meu irmão. Meu sonho era ter um melhor amigo que depois que brincássemos de boneco ou lego, saíssemos para dar uma volta e brincar de floresta no meio da rua, ou correr com a língua pra fora até o vento seca-la quase que totalmente. Eu desejava todas as noites por esse melhor amigo. Uma vez, era véspera de natal, e eu pedi um melhor amigo à você, mas acho que você não entendeu muito bem o meu pedido, e no lugar de um melhor amigo você me mandou um boneco de plástico que falava "Barbie, eu te amo" quando apertava sua barriga, e cantarolava uma canção - acredito eu que era pra Barbie também. No meu aniversário eu não ganhei meu melhor amigo, e nem mesmo um presente. Meu irmãozinho estava nascendo e todos foram para o hospital, meu irmão mais velho falou que os médicos tinham que fazer a mamãe dormir para cortar a barriga toda dela pro meu irmão nascer, mas era mentira dele, a mamãe disse que ela é muito elástica e meu irmão chegou muito rápido pra dar tempo dela dormir, ainda bem não acha? Que mãe é tão maluca ao ponto de dormir antes de ver seu filho chegar? Ele deve fazer uma viagem tão grande pra chegar até ela que no mínimo ela deveria estar acordada para recebe-lo. Bem, o outro natal chegou e eu pedi novamente um melhor amigo, e dessa vez, você me deu um boneco de plástico igual ao outro, mas esse era do meu tamanho e andava como um robô por toda a casa, e falava mais de cinco frases diferentes. É, você quase acertou dessa vez.
Como meu irmãozinho nasceu no meu aniversário, nossas duas últimas comemorações foram juntas, qualquer outra garota cheia de amigos na minha idade odiaria, mas, eu até que gostei. Em uma das festas eu me escondi de baixo da mesa junto com o meu irmão para roubarmos docinhos da mesa do parabéns, fora a primeira vez que ele comia brigadeiro, no final do dia ele fez tanto coco que a casa fedia da cozinha até o meu quarto, mas ele precisava descobrir o gostoso de fazer aniversário. Depois que ele nasceu tudo ficou mais divertido lá em casa, meu irmão mais velho até brinca com a gente! É tão divertido construir cidades enormes de lego, tudo bem que nós morremos de preguiça de arrumar depois toda aquela bagunça e pior ainda quando sobra apenas pra nós dois mais velhos porque nosso irmãozinho dorme em cima das pecinhas, mas é divertido mesmo assim.
Bem, agora eu tenho que ir, a mamãe nos deu umas roupas camufladas agora de natal para mim e para meu irmãozinho, e nós vamos brincar lá fora, não é divertido? Eu não pedi nada pra você dessa vez, você deve ter trabalho demais com os pedidos malucos de outras crianças que querem aquele bando de bonecas plastificadas e sem vida, com certeza o meu pedido foi o mais difícil, mas o mais gostoso de se realizar.
Aaah, eu preciso ir mesmo, o Biel subiu em uma árvore! Ai meu Deus, é maluco... Ele nem me esperou safado!
                                                                                                                                  Beijos Na.
ps: obrigada pelo melhor amigo, vamos brincar até cansar.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

noite de hotel

Estava deitada em minha cama escrevendo em meu novo caderno de anotações enquanto observava a respiração de meu primo dormindo de boca aberta ao meu lado quando um barulho estranho começou a soar. Olhei para os lados e nada de diferente acontecia, apenas aquele barulho irritante em meus ouvidos. Levantei-me e fui até a sala do apart-hotel. - "Ah claro! É o treinamento de incêndio... Mas eles tinham que ligar isso justo nesse horário da noite?" - Questionei-me lembrando do aviso que eles haviam mandando para meus tios de manhã. - "Atenção, isso não é um treinamento" - foi a única frase que prestei atenção naquele monte de palavras rápidas em inglês que surgiam de um pequeno aparelho no meio do apartamento. AAAAH, vocês podem imaginar o meu sentimento de pânico? Eu estava sozinha com meu pequeno primo enquanto meus tios faziam compras no supermercado e todas as outras crianças estavam no apartamento ao lado com a baba! Eu então corri de volta para o quarto e abri a porta com força, meu primo já estava sentado com os olhos mais abertos do mundo - "não se preocupe amorzinho, venha cá" - peguei-o no colo tentando ser a pessoa mais calma do mundo. 


Com uma criança de cinco anos de idade nos braços, sai correndo em direção a porta, escancarando-a e correndo pelo corredor - "bosta! Não tenho o cartão do quarto! Vamos ficar de fora!" - pensei dando meia volta e correndo com uma velocidade ainda maior para chegar a porta antes que ela se fechasse. 


Com um chute, abri a porta rapidamente e na mesma velocidade peguei uma cadeira e coloquei-a entre a porta e a parede, evitando que ela se fechasse. Voltei-me a correr pelo corredor, o cheiro de queimado incendiava o segundo andar todo. Voltei os olhos para a janela e vi os outros hóspedes correrem para o jardim, uns de trajes de banho, outras de toalha, umas com bobs na cabeça, e eu me juntava aos que estavam de pijama. 


Chegando próxima a escada, escutei muitos pequenos passos rápidos, e em questão de segundos várias crianças corriam em minha direção, umas rindo, outras gritando, outra chorando, mas todas espivitadinhas demais para o meu gosto. Os bombeiros chegaram, e enquanto tudo isso acontecia e todos os hóspedes estavam já no andar de baixo do hotel, eu escutava a grande história de como sete crianças queimaram um pão no microondas por ter colocado dez minutos no lugar de um.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

lembranças

Um olhar, dois olhares, uma troca de olhares. Sorrisos trocados, um "olá" e um "muito prazer". Tudo começa assim, ele te acha interessante e você finge não se importar, ou se faz de difícil. Ele te procura de qualquer forma, vocês começam a conversar todos os dias, seja por e-mail, mensagens, recados, mas nunca por telefonemas. Ele te chama pra ver um filme e você, fazendo-se de difícil, diz que vai pensar. Ele espera sua resposta com carinho, e você já sabia a resposta a dias. As semanas vão passando e os assuntos nunca acabam, vocês começam, então, a fazer planos para se encontrar, planos difíceis de se realizar. Ele está na faculdade e você ainda no Ensino Médio. Você planeja sozinha uma forma de saber se ele está mesmo gostando de você tanto quanto você dele. Você arruma um jeito de ir para um show do estilo de música que ele gosta, e por mais que não seja o seu gosto musical preferido, você aceita o desafio. Ele quer saber o que você irá fazer no final de semana, ele faz de tudo para ir ao show e encontrar com você. Você diz que ele é louco, afinal, o lugar é grande demais para vocês se encontrarem, ele acha graça e não desiste. Você, no show, mal consegue respirar, a música sobe em suas veias, o celular permanece em sua mãos, você mal pisca procurando o seu grande homem por ali. Homens e homens te pegam para dançar, você dança por segundos e se despede, nenhum deles é o que você quer. As horas passam, nada dele aparecer, as esperanças acabam, já era tarde de mais. A música já não te fazia feliz, suas companhias não te faziam feliz. Você tentava se divertir e decorar alguma letra daquelas musicas que tocavam, mas você é um fracasso total. Seu celular vibra, suas mãos suadas não conseguem segurar o aparelho que escorregava por seus dedos, ele estava a sua procura, não era tarde demais. Você então volta a sua busca. Ele te procura no meio de mil pessoas e você finge não se importar tanto, mas o procura da mesma forma. Você de repente para, e permanece com o olhar em uma única pessoa em sua frente. Um homem de calça jeans e blusa listrada. Ele sorri para você, você retribui o sorriso. “Olá, você”, ele diz ainda sorrindo e você o abraça forte, “que bom te ver” você sussurra perto de seu rosto. Você esta vermelha e ele confiante demais. Vocês conversam por um bom tempo, sobre qualquer coisa que vier na cabeça. Um momento de silêncio, você começa a tremer, seus dentes vibram freneticamente por causa da emoção – “está com frio?” – ele pergunta docemente, e você mente dizendo que sim, sendo que na verdade só o queria um pouco mais perto. Ele te abraça forte, você mal consegue respirar. Ele não diz mais nada e muito menos você. Ele então começa a se mover e você suspira fundo. Ele olha nos seus olhos você volta a corar as maças do rosto. Ele tenta te dar um beijo, você evita, ele sorri. Você olha o sorriso nos olhos dele, ele não tira os olhos de você. Ele te beija e você retribui finalmente. A música não era a que você mais gostava, e nem mesmo fazia sentido naquele momento, mas foi mágico mesmo assim. Você se delicia dos lábios daquele grande homem em seus braços enquanto ele arranha seu rosto com a barba te trazendo uma sensação única, você ri por dentro por conta da cosquinha que ela proporciona. Ele te olha mais uma vez, você sorri mais largo, suspira e aproveita cada segundo do momento onde tudo começou.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

sonho dos 18

Ok, são 9h da noite e você está com um sorriso gigantesco no rosto por saber que em três horas estará se divertindo com seus amigos em uma festa desejada a meses. Você corre pelos corredores da casa e se tranca no banheiro. Se jogando para dentro do box, você sente cada gota de água cair em seu corpo delicadamente enquanto você lava seu cabelo com carinho para que eles esteja com o brilho perfeito naquela noite. O banho pode ser demorado, você não se apressa, afinal, essa é uma grande noite. Depois que o box está completamente branco por causa do vapor d'água, desliga o chuveiro, enrola-se na toalha de algodão e ao abrir a porta do banheiro sente o ar fresco do entardecer. Entrando no seu quarto, você já esta pensando na roupa que vai vestir, mas quer provar umas cinco a mais para ter certeza de qual ficará melhor para a grande festa. Você abre a gaveta de roupas intimas e escolhe um conjunto de calsinha e sutiã confortável, aqueles que você se sente bem ao usar, e você poderá dançar a noite toda sem se preocupar com a marca da calsinha no seu bumbum, com o conjunto já no corpo você se olha no espelho e diz a si mesma "uau, você está arrasando" - mesmo sabendo que você está um pouco acima do seu peso ideal. Você começa a experimentar as roupas e percebe que a primeira que você havia pensado era a melhor opção, você, então, se veste e corre para o banheiro se maquiar, que, para mim, é a melhor parte. Ali então você abre o seu estojo de sombras, aquele que você mais adora, o mais caro, o seu xodó, o que você só usa para momentos como esses. Delicadamente você pinta seus olhos, fazendo com que a cor deles se destaque. Um batom, um brilho, uma cor a mais... Pronto, você está perfeita. Então, correndo para o quarto novamente, você coloca os sapatos altos, claro, você deve ficar poderosa essa noite. Coloca um par de brincos, um colar delicado, documentos em mãos, dinheiro, brilho, celular, tudo está como deveria estar. Você então vai encontrar com seus primos na porta da esperada festa. Estão todos lá te esperando, e ao sair do carro, você se sente como uma estrela, os olhares são todos voltados para você. Mulheres te olham dos sapatos até o seu último fio de cabelo para avaliar sua roupa, e é gratificante ver um sinal de aprovação nos olhos destas. Você não repara muito nos olhares dos homens, afinal, o olhar de quem você realmente se interessava não estava ali, porém, você gosta de saber que está sendo olhada por vários homens e que eles te acham sexy, pelo menos naquela noite, e melhor ainda é poder esnobar esses olhares. Você esta ali, na fila, junto com centenas de pessoas, todas com a mesma expectativa que você. Você sorri feito boba, seus músculos se contraem com tanta adrenalina subindo em suas veias, seus pés latejam na vontade de dançar. Seus lábios ficam secos na vontade de beber alguma coisa, você começa a sentir a dor gostosa do peito do pé por causa dos saltos altos que te fazem ficar ainda mais bonita. A fila começa a andar, seu coração fica mais rápido, a sua respiração mais lenta, seus olhos mais abertos. A porta de entrada está em sua frente, somente alguns passos para o grande sonho se realizar, dez passos, cinco passos, os olhos começam a brilhar, os pés começam a dançar involuntariamente e você começa a sorrir para o senhor a sua frente - "identidade, por favor" - a voz rouca e assustadora do armário em sua frente tirou o sorriso do seu rosto - "bosta, ainda tenho 17" - sim, isso foi apenas um sonho de 18, volte para casa.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

delírio

Uma chuva de maria-mole poderia ser tão divertido quanto uma praia de fósforos. Mas não foi, o fato é que simplesmente não foi. Tudo começou quando minhas primas chegaram a minha casa, elas estavam alegres e tristes ao mesmo tempo, mas todas espivitadinhas, Elas me convenceram a ir a uma praia, à dois quilômetros da minha casa. Adivinha o que eu fiz? - eu fui é claro, visita é fogo. O sol estava lindo naquele dia, com um brilho estonteante! Mas ao chegarmos lá, o tempo fechou de uma maneira trágica, e quando dei por mim, estávamos rodeadas de maria-moles açucaradas e escorregadias. A terra tremia quando elas batiam no chão, algo tão traumatizante quanto uma nevasca de sorvetes assassinos. Minhas primas ficaram lá, rindo feito bobas. E eu... bem, eu nunca mais voltei lá, nunca mais vi minha linda praia de areia e fósforos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

17

São 23:23 da noite, e enquanto penso sobre o que escrever, deparo-me com uma vida que já passou, penso no que já vivi até hoje, dos meus primeiros anos de idade, dos anos da flor da juventude, e o meu dia de hoje, e cheguei a certas conclusões que já muitas vezes havia pensando antes, mas nunca tive tanta convicção delas: brinque, se você for criança, brinque, corra pelo jardim da sua casa com seu cachorro se tiver um, mas se não tiver, simplesmente corra, e sinta o vento bater em seu rosto. Brinque de boneco com seus irmãos e em troca faça com que eles brinquem do que você queira depois, seja de barbie, pique-pega, detetive. Não pule essa etapa da sua vida que é tão importante, aproveite ao máximo cada pedacinho desses momentos, eles são únicos, afinal, você não para de crescer. Quando mais velho você ficar, vai perceber que seu corpo esta mudando, você acaba ficando um pouco feio por conta das grandes modificações do seu rosto, espinhas vão aparecer, seu nariz vai ficar um pouco maior do que o normal. Não passe as unhas no seu rosto, elas podem acabar te deixando marcas pra sempre, ou por muito tempo. Quando você se olhar no espelho, diga a si mesmo "eu sou lindo(a)" mesmo que se sinta horrível, porque, de fato, aos olhos Daquele que te ama mais que tudo, você é maravilhoso, com todos os defeitos. Não queime suas fotos, elas fazem parte de tudo o que você já viveu, e pode ter certeza, você dará boas risadas com elas. Você vai dar o seu primeiro beijo, e como com qualquer um, ele pode ser tão ruim ao ponto de dizer "nunca mais quero fazer isso na vida" - acredite em mim, você vai descobrir que isso é mentira. Você vai fazer amizades, algumas que vão ser passageiras, outras que vão de magoar, mas outras  que no fundo do peito sentirá que será pra sempre, faça loucura com esses amigos, monte uma caixa da amizade, beba e tire fotos para descobrir depois tudo o que você fez naquela noite, chame-os como quiser, 'plds' ou "creusas" são bons nomes. Você vai namorar, e uma coisa que eu aprendi é que você não deve esconder seus sentimentos, ame mesmo, porque amar é bom. Você vai descobrir que quanto mais você for sincero com seus sentimentos, mais eles vão te fazer bem, você vai ver que as vezes o amor não é recíproco, mas que muitas vezes é, e são esses amores que você mais vai se lembrar no futuro. Chore, chore muito, e depois de passar muito tempo molhando seu travesseiro, sorria, não há nada melhor do que abrir um belo de um sorriso depois de viver uma longa tempestade. Estude, você vai descobrir que a escola é um lugar maravilhoso não só pra encontrar amigos, e vai descobrir também que a única coisa que você quer no seu último ano de ensino médio é que o ano passe logo. Se você não tiver certeza do curso que vai querer pra sua vida, não se preocupe, muitos estão na mesma situação que você, afinal, você deve ter certeza do que quer fazer por toda a vida. Mas se você nunca tiver certeza, faça todos os cursos que quiser, abra um restaurante, escreva um livro, estude em outros países. Acredite em você, no seu potencial, não permita nunca que alguém te diga que você não é capaz, porque você pode tudo, até mesmo voar. Reze, mesmo que você pense que não tem tempo, apenas agradeça a vida que tem, afinal, você viveu ainda pouco, mas aposto que, assim como eu, já tem muita história pra contar.