terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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'As paixões sao como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar, outras vezes podem faze-los naufragar, mas se nao fossem elas, nao haveria viagens nem aventuras e novas descobertas'

sábado, 25 de dezembro de 2010

relato da madrugada

Ja sao meia noite e não consigo dormir. O dia foi corrido e mal tive tempo de respirar. Agora, aqui deitada em minha cama, olhando para o teto e escutando o barulho das gotas de água esmurrando o telhado, penso sobre a minha vida, sobre todo o meu já vivido e reparei no quanto sou feliz e na quantidade de emoções vividas por mim. De repente, uma gota salgada escorre dos meus olhos e desce ate a boca, e dessa vez, não senti apenas o gosto de sal, como também um gosto diferente, algo que nunca havia experimentado antes. Fiquei saboreando vagarosamente aquele gosto magnifico, passei horas acordada com aquele sabor (que não se saboreia com a boca, e sim com o coração) e logo reparei que havia passado tanto tempo pensando sobre aquele sabor misterioso que nao notara que já estava amanhecendo. Fui ate a janela que estava meio aberta e olhei para o horizonte, onde estava estampado um grande sol avermelhado. Com aquilo, outra gota sai de meus olhos caindo em meus lábios. E assim, descubro de que era aquele gosto maravilhoso... Era o gosto da satisfação.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

fragilidade.

Eu era uma criança frágil, calada. Uma menininha sem brilho e cheia de apegos. Nunca entendia o porque de ser assim, tão tímida e calada. Sofria muito com aquilo, pois na verdade, dentro daquela menininha sofrida e sem graça, havia uma menina louca, cheia de sonhos, cheia de vontades, de falas, de personalidade. Mas aquela outra menina que guardava dentro de mim nunca tinha oportunidade de ser libertada. Tinha medo, medo dos outros, medo de ser reprimida pelas pessoas, pela família (que aos meus olhos era o que realmente acontecia). Tinha medo de ser eu mesma. Então, aquela pequena menininha frágil, sozinha e sem amigos foi crescendo e continuou a ser frágil, sozinha e com alguns poucos amigos, pois não confiava nas pessoas, nunca confiou. Até o dia em que essa menina, andando pela rua, vê sua imagem refletida em um espelho quebrado, jogado fora. Fica olhando para aquela imagem por horas. Assustada e emocionada, a menina demonstra por lágrimas o que sentia, sentia sede de viver. Ali, naquele momento, eu, aquela menininha, olhando-me naquele espelho rejeitado, notei que já não queria mais ser aquela criança frágil, cheia de ferimentos, queria ser aquela menina que guardava a muito tempo dentro de mim, queria ser quem eu queria ser, e não o que os outros acham melhor que eu seja.
Então, aqui está aquela menina, que agora vira mulher. Uma mulher apaixonada, realizada, louca... O que for. Ela sou eu, eu sou ela, e aqui estamos, unidas por um só espírito. Andando juntas pela grande jornada que a pouco tempo temíamos, a vida.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sorriso

O relógio desperta, sete e meia da manhã, o céu está lindo, algumas partes nubladas, mas continua lindo, pois sabia que a tempestade havia acabado. Os pássaros cantavam diferente essa manhã, tudo parecia diferente, até mesmo as cores das folhas das árvores. Eu abri os olhos vagarosamente com um sorriso meia boca no rosto, eu também estava diferente aquela manhã, aquele dia que era pra ser como qualquer outro, nesse, tudo mudou. Comparava aquelas nuvens no céu como minha alma, que acabara de passar por uma atormentada tempestade longa, sem previsão para acabar. E que sem ao menos perceber, acabara num simples fechar de olhos no objetivo de descansar daquele dia tão difícil.
Ao abrir os olhos de manhã descobri que nem tudo o que queremos acontece, porque pode não nos fazer bem. Descobri que amar é muito bom, e não importa se é correspondido ou não, o sentimento é maior que a tristeza. Entendi que precisamos passar por momentos difíceis, para começarmos a valorizar um pouco mais a vida que é dada com tanto carinho por Aquele que nos ama tanto. Nesse momento que pensava em tudo isso, levanto-me da cama onde estava deitada com preguiça de viver, firmei meus pés no chão frio e caminhei até a janela de vidro que deixava escapar um feixe de luz pela cortina. Com a mão, abri uma parte da persiana com os dedos e observei o dia, o céu, as pessoas que passavam por ali. Homens e mulheres cansados de ter que acordar cedo todos os dias para mais um dia de trabalho exaustivo, mas que mesmo assim, não perderam a força para continuar vivendo. Via-me no meio dessas pessoas, mas além da força de vontade de querer continuar vivendo, via-me carregando um grande sorriso no rosto, vejo-me uma eterna garotinha, aquela que sai pela rua pulando, correndo e rindo das coisas da vida, vejo-me amando o mundo, e cada membro dele. Noto que ali, naquele momento eu era feliz, cheia de luz e cor, e descobri que era aquilo que eu queria pra mim, viver sem me importar com o que os outros vão pensar ao meu respeito, apenas viver e deixar as coisas acontecerem naturalmente e ser eu mesma sempre! Sendo feliz.
Nesse momento, voltei-me para o meu quarto e fui andando lentamente em direção ao espelho, olhei-me e vi uma garota quase mulher, coberta de maquiagem escorrida por causa das lágrimas derramadas anteriormente, com o contorno negro dos olhos azuis. Ao ver aquela pessoa estranha que refletia quem eu era, corri em direção ao banheiro, tranquei a porta, e tirei o pijama que vestia. Virei-me para o espelho em frente a pia, subi na privada e observei cada traço do meu corpo, usava uma causinha short, na qual não parca o corpo e era confortável para dormir, passava os olhos pela barriga que não era a que eu queria, pelos braços que não eram os que eu queria, pelas pernas que não eram as que eu queria e abri um grande sorriso. Desci e entrei no box ligando a água fria, olhava para cima observando as gotas de água caírem no meu rosto, espalhando pelo corpo que é meu e ria, ria da vida, das pessoas, de mim... Ria do mundo! Ria porque não tinha motivos para chorar, ria porque percebi que aquela era a vida que eu sempre quis, e ria dos erros que cometi, pois lamentar-me por eles eu não ia fazer mais, pois se hoje sei que errei é porque acertei depois, ou sei como acertar. E ri mais ainda porque percebi que a vida é pouca, mas pra mim... pra mim é muita.

Sonho

Será que eu dormi? Será que tudo isso não passa de um grande e eterno sonho? Onde eu levanto todos os dias escutando a mesma canção, onde o mundo real é algo irrelevante comparado ao mundo que eu fiz achando que era real. Não sei, apenas sei que ao dormir sua imagem aparece em minha frente, como se nada no mundo importasse, muito menos as horas, pois com você ali tudo parece eterno. Nesse momento, permaneço com você em meu pensamento, e ali você sorri pra mim, com aquele seu jeitinho bobo de olhar, um olhar envergonhado, inseguro, mas tão certo, educado, inocente. Logo depois desse momento de troca de olhares, levanta-se do canto da minha cama e vai em direção a mim, aquela garotinha de pijama largo sem fazer conjunto da calça com a blusa, pronta para dormir depois de fazer sua oração da noite, onde rezava por você, por vocês. Nesse momento, você ia em direção a mim, aquela garotinha com o rosto molhado de lágrimas que a um ano não eram derramadas, segura em meu braço, levantando-me ao ponto de ficar sentada, com as pernas cruzadas. Você se sentou ao meu lado e dizia para não ter medo, pois não me deixaria só, pois seu amor era muito grande, e eu respondi com um simples sorriso, pois nunca passara por algo assim, não sabia o que fazer.
Você continuava me olhando daquele jeito meigo, doce, aquele jeito pelo qual me apaixonei a segunda vista. Colocou sua mão sobre a minha e eu senti um arrepio em todo o corpo, você fazia carinho em meu rosto com a mão direita e colocava o seu rosto mais próximo ao meu, eu sentia o cheiro do seu perfume envolvendo meu corpo, com os seus braços segurando delicadamente a minha cintura, e ao mesmo tempo olhando fixamente dentro dos meus olhos azuis. Eu ficava imóvel, sentia minha respiração forte, meu coração passava por todas as partes do meu corpo e o sangue quente por todas as minhas artérias. E nesse momento, fissurada com os seus olhos cor de mel tão próximos aos meus, você vagarosamente me deu um beijo na testa dizendo "você é tudo o que eu sempre quis" e logo depois foi fechando os olhos e via seus lábios mais ousados, e quando percebo, eles estão tocando os meus lábios molhados de hidratante labial. Ali, magnificamente, vi estrelas atravessarem meu quarto. Queria te dizer tanta coisa, sobre sentimentos, sobre felicidade, sobre vida! Mas não queria interromper aquele momento único, ao qual nunca saberia se iria se repetir.
Sentia suas mãos acariciando meus braços, e as minhas em suas malhadas e definidas costas. Elas eram delicadas e respeitosas, e durante essa valsa com as mãos, nossos lábios não se afastavam, nem ao menos para respirar, até você se afastar um pouco o rosto do meu e me olhar de um jeito apaixonado, como sempre olhava, deu-me um último beijo na testa e foi se afastando até o canto da cama, onde estava antes de tudo isso acontecer. Eu nesse momento respirei fundo, deitei-me novamente, fiz o sinal da Cruz e agradeci a Deus aquele momento. De repente, percebi que não havia aberto os olhos em sequer algum segundo daquele momento magnífico. Decidi, então, abrí-los para olhar-te mais uma vez, mas senti uma grande claridade, uma luz que dificultava a minha visão, mas não desisti, insisti na vontade de vê-lo, mas notei que estava amanhecendo e você não estava mais lá. Já era dia seguinte e era hora de ir aos meus compromissos diários e você também, e com isso, vê-lo, talvez, apenas na tarde do final de semana. Não sabia se estava sonhando todo o tempo ou aquele momento foi tão longo e perfeito que não notara a noite passar. A única coisa que sabia, era que fora a melhor noite que já tivera na vida. E estava louca para revivê-la mais uma vez.